São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
"Fresh" é uma surpresa
INÁCIO ARAUJO
Mas seu real talento é para o xadrez. Nesse particular, é incentivado pelo pai, craque na matéria, em particular no jogo rápido. O pai é um ser ausente, que vive fora do mundo, mas, ainda que à distância, procura convencer o filho de que o xadrez e a malandragem são mais ou menos a mesma coisa. Trocando em miúdos: sobreviver, para um jovem negro de Nova York, triunfar sobre o meio, as adversidades, as múltiplas tentações do mal, é o equivalente a ser um enxadrista. Isto é, trata-se de adquirir e cultivar o intelecto, endereçando-o na direção da lógica. Com um argumento como esse, seria fácil: 1) perder o fio; 2) enveredar para o pernóstico. O diretor Boaz Yakin consegue evitar que as duas coisas aconteçam. Acrescenta a isso alguns outros méritos, como evitar demagogias em torno da condição negra, sem com isso deixar de apontar a diferença real que existe entre a vida dos brancos e dos negros. Consegue, ainda, trafegar entre a fábula e o realismo urbano sem enveredar pelas facilidades da violência. "Fresh" é uma surpresa. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: O cinema é uma misteriosa cachoeira Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |