São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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PAZ NA BÓSNIA?

Passados quase quatro anos do início da mais violenta guerra ocorrida em solo europeu desde o fim da 2ª Guerra, as eleições na Bósnia são um marco nos esforços pela paz.
Seria por certo ainda um exagero afirmar que a situação nessa república que foi integrante da antiga Iugoslávia está resolvida. A carnificina foi grande demais. Muitos ódios antes de certa forma reprimidos foram reacesos. Um real desarmamento ainda não ocorreu. Ainda assim, essas eleições, consideradas em geral corretas pelos observadores estrangeiros, marcam a pacificação ainda que parcial e limitada da região.
Marcam sobretudo a incapacidade da União Européia de administrar uma grande crise diplomática. Houve dezenas de ameaças de ação militar, mobilizaram-se diplomatas. Houve reuniões intermináveis em toda a Europa. Os EUA também entraram nas negociações.
Foi tudo em vão. O mundo voltou a ver campos de concentração, imagens que todos desejariam jamais voltar a encarar. Durante quatro anos, por melhor que fosse a boa vontade dos negociadores europeus -e não há razão para duvidar disso, pois o conflito se dava em seu próprio solo-, eles não conseguiram gerenciar a crise em tese regional.
Se a Europa é um gigante econômico, está longe de ser um gigante diplomático. As principais potências não foram capazes de esconder suas desavenças. Quase todos falavam em mandar tropas terrestres para encerrar o banho de sangue, mas na hora H ninguém se dispunha a fazê-lo. Mesmo agora, disputam os louros do início de pacificação.
A história da divisão da Iugoslávia revela que hoje é preciso conviver com um paradoxo. Por mais auspiciosas que sejam as novas iniciativas de paz, parece que o mundo, sem um grande confronto como nos tempos da Guerra Fria, deve enfrentar um número inesperadamente grande de conflitos regionais.

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