São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996 |
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EUA x EUA do Sul
CLÓVIS ROSSI Florianópolis - Representantes dos 34 países das Américas, excluída Cuba, estão reunidos em Florianópolis para discutir a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).É um projeto portentoso: se e quando criado, será simplesmente o maior bloco do planeta. Mas pode esquecer os outros 32 participantes. O nome do jogo, na verdade, é Estados Unidos versus Brasil (ou, mais exatamente, Mercosul). Os demais são figurantes ou no máximo atores coadjuvantes, sem qualquer menosprezo. Fatos são fatos e o tamanho do Brasil e do bloco que lidera se impõe por si. Mesmo delegados de terceiros países admitem, reservadamente, que a Alca é, acima de tudo, a tentativa norte-americana de abrir ainda mais o mercado brasileiro, o maior da região e o único razoavelmente fechado. O Itamaraty sabe disso e vai com calma. O chefe da delegação brasileiro, embaixador Sebastião do Rêgo Barros, vice-chanceler, diz que o Brasil concorda com a data tentativa de 2005 para o lançamento da Alca. Mas não quer nem pensar em antecipação. Traduzindo objetivamente: os norte-americanos pressupõem que 2005 marcaria o fim do processo de redução gradual das tarifas de importação para os produtos de cada um dos países-membros. Para o Brasil, a redução começaria, e não terminaria, nessa data. Parece nuance diplomática, mas não é. Do ponto de vista do Itamaraty, é o prazo necessário para que a indústria brasileira se prepare para o que o chanceler Luiz Felipe Lampreia chama de segunda onda de abertura, depois da que se produziu no governo Collor. É igualmente um bom prazo para que o Mercosul firme acordos de livre comércio com outros países sul-americanos, dando ao Sul um pouquinho mais de força negociadora ante o gigantismo dos EUA. Texto Anterior: PAZ NA BÓSNIA? Próximo Texto: A estratégia do PMDB Índice |
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