São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Fazenda prepara nova queda dos juros

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Governo limita reajustes de tarifas e do funcionalismo e prevê inflação mensal em torno de 0,5%

A equipe econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso estuda promover uma nova redução nas taxas de juros.
Segundo a Folha apurou, a medida deve ser adotada caso a inflação mensal se consolide no patamar de 0,5%.
Atualmente, o governo paga por seus títulos públicos uma taxa de juros anual em torno de 25% -essa taxa serve de ponto de partida para o resto da economia.
Os juros elevados são motivo de reclamação do setor privado contra a política econômica do governo FHC. A redução dos juros aliviaria o tom das críticas e incentivaria a retomada ainda maior do crescimento econômico.
Desde o ano passado o governo vem reduzindo os juros. Em 95 chegaram a ser de 4,04% ao mês. A partir de junho deste ano, caíram para menos de 2% e estão no patamar de 1,9%. A TBC (Taxa do Banco Central) está fixada em 1,88%.
Agora, o Ministério da Fazenda e o Banco Central avaliam se é possível reduzir ainda mais a taxa.
Mas o governo está preocupado com o possível efeito de uma queda dos juros sobre o volume das reservas cambiais.
Alguns integrantes da equipe econômica temem a fuga de recursos das reservas caso os juros deixem de ser atraentes para os investidores externos.
Em agosto, as reservas fecharam o mês em US$ 58,287 bilhões pelo conceito de caixa (disponível no curto prazo).
No Ministério da Fazenda, a perda de parte dessas reservas não é vista como um grande problema.
A equipe de Pedro Malan aposta também no aumento da entrada de investimentos externos produtivos como forma de compensar a possível saída de dinheiro especulativo aplicado no país.
Um dígito
A equipe econômica acredita que a inflação pode, nos próximos meses, se firmar em patamar em torno de 0,5% ao mês.
O governo já decidiu, por exemplo, que qualquer reajuste de tarifa pública a partir de agora terá de ficar, no máximo, em um dígito, ou seja, não poderá superar 10%.
O mesmo valerá para o reajuste do funcionalismo público no próximo ano. Os servidores federais não terão, na média, aumento acima de um dígito.

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