São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Acrobacias de Colker conquistam Lyon

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LYON

Depois do desfile de carnaval que reuniu 150 mil pessoas nas ruas de Lyon (França) no último domingo, a programação da Bienal de Dança dedicada ao Brasil continua apresentando grupos modernos com teatros lotados.
Primeiras de uma série de 16 grupos que se apresentam até dia 29, Lia Rodrigues e Deborah Colker foram demoradamente aplaudidas nas noites de estréia. Para Colker, as cortinas voltaram a se abrir oito vezes no fim do espetáculo, por causa do entusiasmo do público.
Segundo a coreógrafa, o sucesso europeu começou em uma rápida temporada na Alemanha, na cidade de Hannover, onde a Cia. de Dança Deborah Colker se apresentou pouco antes da Bienal.
Pela primeira vez dançando fora do próprio país, o grupo de Colker está apresentando versões compactas de duas coreografias que foram sucesso de público no Brasil: "Vulcão" e "Velox".
Com sua dança acrobática, que explora os limites físicos, Colker mostrou produção impecável. "Alpinismo", a cena em que os bailarinos se movimentam sobre um painel vertical, contou com a precisão e a habilidade de um elenco muito bem treinado.
Na ampla cobertura de imprensa que a Bienal de Lyon vem recebendo, os brasileiros que participam do evento já foram tema de matérias de destaque em revistas como a "Marie Claire" francesa, que usou uma grande foto de "Velox" como ilustração.
Lia Rodrigues
Em estilo diametralmente oposto ao de Colker, Lia Rodrigues estreou em Lyon seu novo espetáculo, "Folia", realizado graças a uma bolsa de estudos oferecida pela Fundação Vitae.
Encerrando um programa que inclui "Ma", peça anterior da coreógrafa sobre as obrigações cotidianas da maternidade, "Folia" penetra no folclore brasileiro por meio da literatura oral.
Como fonte principal, Lia utilizou canções e jogos de adivinhar do folclore infantil. Frases como "A macaca taca coco na mata" geram sons e gestos nesta peça que também resgata o Brasil revelado por Mário de Andrade.
A música de Zeca Assumpção se integra a um ambiente cênico criado por Keller Veiga, que no início parece uma toca de tatu despejando os personagens no palco.
"Folia" é uma dança-teatro que se constrói em torno de detalhes miúdos, articulados de forma consistente e poética.
Segundo o jornal "Le Figaro", "Folia" toca o público especialmente por causa de sua espontaneidade especificamente brasileira.

A jornalista Ana Francisca Ponzio viajou a convite da organização da Bienal.

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