São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Disco-coletânea precoce faz sentido

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pode-se perguntar como uma cantora de apenas três álbuns gravados já parte para uma coletânea. Em se tratando de Marisa Monte, o projeto justifica-se.
Musa de um público carente de tempero brasileiro, Marisa Monte fez do palco sua praia.
No final dos anos 80, já era conhecida em casas noturnas (Jazzmania, AeroAnta), mesmo sem ter um disco gravado.
Emprestou sua voz originalmente lírica para metabolizar Noel Rosa, Cartola, Assis Valente e Pixinginha, enquanto o cenário musical brasileiro era envolto por clones de bandas inglesas que nasciam e morriam instantaneamente.
Ao mesmo tempo que lotava seus shows, produzidos por Nelson Motta, Marisa Monte sofria o assédio intermitente das gravadoras. Resistiu por dois anos, até lançar o também ao vivo "Marisa Monte".
Hoje, Marisa Monte tem uma carreira sólida. Seus discos vendem em média 50 mil cópias por ano -cada um já ultrapassou a barreira dos 500 mil. Segundo termo do mercado, são "discos duráveis".
E o segredo não está apenas na sua voz, mas na capacidade de pescar, no baú da música popular brasileira, as pedras preciosas embaçadas pelas modas de estação.
No mais, Marisa Monte tem os olhos voltados para o presente, belisca a alma "emepebista" de roqueiros como Nando Reis e Arnaldo Antunes, navega com Carlinhos Brown e dança o samba-rock dos Novos Baianos.
Cede seu talento para interpretar o que há de melhor na MPB. Não era para dar errado.
(MRP)

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