São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'É uma provocação', acusa MST

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) considera "uma provocação" do ministro de Política Fundiária, Raul Jungmann, a demissão de Miguel Abeche, superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em São Paulo.
Para o MST, o ministro quis "dar uma demonstração de força" em uma espécie de "braço-de-ferro" que trava com a entidade com o objetivo de desmoralizá-la diante da opinião pública, ao tentar passar imagem de intransigência por parte dos sem-terra.
O comando do MST alega que só uma das sedes do Incra no país permanece ocupada por sem-terra (a de Marabá, em função da impunidade para os responsáveis pelo massacre de Eldorado dos Carajás) e que a entidade sempre negociou com dirigentes do Incra, "cobrando compromissos assumidos".
A demissão de Abeche, segundo os sem-terra, é uma tentativa de culpar o MST pelo fracasso da meta do governo, de assentar 60 mil famílias neste ano.
Em nota oficial, a direção estadual da entidade diz que Jungmann demonstra "não querer a reforma agrária".
Segundo o MST, que invadiu fazendas na região, a tensão no Pontal resulta do armamento dos fazendeiros, "com conivência da polícia", e que o MST procurou Abeche com a intenção de "buscar uma solução pacífica".
A nota diz ainda que a demissão de Abeche revela "a truculência e o despreparo do ministro para o cargo". Para o MST, "o ministro precisa parar de tagarelar e começar a trabalhar."

Texto Anterior: Sem-terra suspendem trégua no Pontal
Próximo Texto: Governo Covas tenta "enquadrar" o MST paulista
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.