São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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Garota morre em suposto ritual religioso

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Polícia Civil investiga a morte da estudante Juceline Belarmina Araujo, 8, assassinada na tarde de domingo, em Garanhuns (229 km de Recife/PE). Os policiais estão trabalhando com a hipótese de o crime estar relacionado a algum ritual religioso.
Segundo o delegado Alexandre Alves de Oliveira, há indícios de que a menina foi estuprada, asfixiada e teve parte do sangue recolhido para um ritual. Exames vão determinar a causa da morte.
O corpo da estudante, nu da cintura para baixo, foi encontrado segunda-feira enterrado em uma cova rasa, num matagal a cerca de 500 metros da casa onde morava, na periferia da cidade.
Quatro pessoas foram presas -entre elas um adolescente-, acusadas de participar do crime. A divulgação de seus nomes na manhã de ontem causou revolta na cidade. As casas onde os quatro moravam foram depredadas e incendiadas por centenas de pessoas.
Depois, cerca de 2.000 pessoas armadas com pedaços de pau e gritando por justiça ainda tentaram invadir a delegacia para linchar os suspeitos, segundo o delegado.
"Tivemos de chamar a Polícia Militar e os bombeiros para nos ajudar a controlar o povo na rua."
Os presos foram retirados pelos fundos e teriam sido transferidos para Recife. A multidão só se dispersou após verificar que não havia ninguém nas celas. Os presos estão incomunicáveis, e seu paradeiro, indeterminado.
Confissão
Interrogados ainda em Garanhuns, o professor Regivaldo dos Santos, 30, o desempregado Gilberto Justo da Silva, 18, e o adolescente J.P.S., 14, confessaram o assassinato, segundo o delegado.
Os acusados, segundo o delegado, alegaram ainda que agiram sob orientação do pai-de-santo Fábio Cavalcante Haji, 26, que também está preso. Haji negou qualquer participação no caso.
Segundo Oliveira, a menina, filha de um vendedor ambulante de salgados, foi levada para o matagal quando procurava um irmão que brincava na rua.
Seu corpo só foi localizado no dia seguinte por um tio, Euclides, durante busca realizada no bairro com a ajuda de vizinhos e amigos.
A prisão dos acusados ocorreu a partir de denúncias de que o professor Santos estava carregando uma sandália semelhante à que era utilizada pela menina. "Ele foi preso na própria segunda-feira, confessou o crime e delatou os companheiros", disse o delegado.

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