São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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Passe livre deve formar superagente

Empresários substituem clubes

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Empresários substituem clubes Passe livre deve formar superagente
A nova legislação sobre o passe dos jogadores, que entra em vigor em 1º de janeiro, aumentará o poder dos empresários de futebol e tornará maior o êxodo de atletas.
A avaliação foi feita à Folha por empresários que trabalham como procuradores de jogadores.
Com a nova lei, sem negociação entre clubes, os atletas negociarão diretamente a transferência. E boa parte dos atletas tem um agente.
Pela legislação aprovada pelo Ministério dos Esportes, atletas com 26 anos passam a ser donos do próprio passe a partir de 97, desde que seus contratos com os clubes tenham terminado.
Os clubes protestaram e ameaçam ir à Justiça contra o governo, caso não haja acordo numa reunião com o ministro dos Esportes, Pelé, na semana que vem.
"Para os grandes empresários, vai haver muito mais negócios com jogadores indo para o exterior", disse Léo Rabello, procurador de Donizete e Bebeto.
"No caso de jogadores como Marcelinho e Luizão, por exemplo, haverá um belo mercado no exterior. Vão até receber adiantamentos de seus futuros clubes."
Rabello e Reinaldo Pitta são dos poucos empresários em atividade no Brasil que já receberam o credenciamento oficial da Fifa, entidade dirigente do futebol mundial.
Na Europa, há dezenas. O credenciamento foi criado há dois anos pela Fifa para "moralizar" a atividade. Os empresários são obrigados a entregar carta-fiança no valor de US$ 180 mil.
Na opinião de Pitta, os empresários "competentes" serão beneficiados pela nova legislação, mas ele tem restrições a ela.
"Os clubes vão se enfraquecer. Sem clubes com saúde, não há bons negócios. Os melhores atletas irão para o exterior, pois o Brasil é economicamente menos viável."
Ele acha que haverá mais desemprego. Hoje, de acordo com a Confederação Brasileira de Futebol, há cerca de 8.000 atletas com contrato em vigor. No começo do ano, eram 12 mil, com os campeonatos estaduais em andamento.
"Nosso papel cresce e se fortalece", disse Pitta. "Mas só para os que conquistaram credibilidade."
Hélio Viana, sócio de Pelé e um dos autores da nova legislação, acha que ela provocará uma mudança no perfil dos empresários.
"A tendência é tirar o amadorismo e profissionalizar a função."

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