São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996 |
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Preconceito e maniqueísmo marcam estréia de Angélica na Globo
MARILENE FELINTO
A jovem show-woman apresentou assim o robô: "Ele não é o Robocop Gay, não. Não é, não, hein! Olha lá, hein!". Por instantes, tinha-se a impressão de que o "Angel Mix" fosse uma derivação do "Mercado Mix", uma feira de variedades para gays e afins. Essa pérola de preconceito e despropósito foi seguida da necessária dose de maniqueísmo típico das manhãs angelicais. Angélica anunciou sorridente que seu robô se chama "Robô Bom" e que o computador falante, uma das atrações do show, se chama "PC do Bem". A apresentação do Robô Bom terminou com o alerta da apresentadora: "E ele é paquerador à beça, viu, meninas, meninas?". Entre saltos e correria, ao som de uma infernal batida de discoteca, Angélica prosseguiu na condução da sua boate matinal. Apresentou suas "angeletes" seminuas, suas assistentes, todas brancas, reproduzindo discriminação que se perpetua em programas de TV e suplementos jornalísticos para crianças: quase nunca são mostradas crianças negras. No quadro "Caça Talentos", mistura de conto de fadas com novela, Angélica vira fada, a "Fada Bela", que se esmera nas mensagens de robotização e moralismo derrotista: "obedecer sem questionar" (à fada-chefe), "parar de sonhar com coisas que não tenho". Texto Anterior: Steppenwolf lembra anos 60 Próximo Texto: Primeiro capítulo de "Xica da Silva" capricha na caracterização de época Índice |
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