São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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Steppenwolf lembra anos 60

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Antigos beats paulistanos ressurgiram das estepes para prestigiar, na última terça-feira, no Palace, aquele que é considerado o mastro do coração selvagem, o Steppenwolf.
Na verdade, não era o original Steppenwolf, banda que nasceu em 1967, na insuspeita San Francisco, vendeu mais de 20 milhões de cópias, emplacou dois hits nas paradas ("Born to Be Wild" e "The Pusher", que entraram na trilha do filme "Sem Destino") e se desfez em 1974.
Mas com o Steppenwolf é assim, muda, vai e volta, e a alma permanece, assim como John Kay, o criador da banda e mentor de muitos corações selvagens.
Tal qual o Grateful Dead, Steppenwolf não é uma banda, mas um estilo de ser.
Kay nasceu na Alemanha destroçada pela guerra. Seu país foi cercado, depois, pela cortina de ferro. Fugiu com a família dos braços dos stalinistas, e encontrou berço no "mundo livre".
Assim como Bob Dylan, Jerry Garcia e Jim Morrison, Kay foi mais um poeta que encontrou sustentação nas guitarras para pregar a transformação.
Mas, enquanto uns proclamavam a paz, Kay urrava "nós nascemos para ser selvagens!".
Evidente que, no Palace, a única selvageria que se esperava da platéia era a nostalgia.
A maioria de 50 anos, cabelos brancos, jeans e couro, óculos de grau e o chaveiro de um carro importado.
Os que nasceram para ser selvagem traziam filhos ou amigos das antigas, e não perderam a pose: cantaram, deram socos no ar e pularam da cadeira nos primeiros acordes de "Born to de Wild".
O Steppenwolf que está no Brasil -toca hoje no AeroAnta de Curitiba, amanhã em Porto Alegre, dia 21 em Campinas e 22 em Brasília- tem Rocket Ritchotte (que já tocou com Alice Cooper e Rod Stwart) na guitarra, um show à parte.
O show foi puro rock. Mas o mundo mudou, e o que se espera de um selvagem, hoje, é que seja um bom cidadão, não discrimine e recicle o lixo, idéias nascidas na mesma San Francisco de Steppenwolf.

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