São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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AGRESSÃO INJUSTIFICÁVEL

A agressão ao repórter da Folha Xico Sá e ao fotógrafo Eduardo Knapp por parte de membros do comitê eleitoral de um vereador da chapa do candidato a prefeito Celso Pitta caracteriza um caso claro de tentativa de intimidar a imprensa. Mais ainda, para além do absurdo do recurso à agressão física, trata-se também de privar o público de seu inalienável direito de ser informado.
Não se pode, como é óbvio, atribuir a culpa da agressão a Pitta. Foi certamente uma iniciativa isolada dos "militantes". Fica contudo a dúvida acerca do porquê de os colaboradores do vereador quererem a todo custo, mesmo incorrendo na agressão, evitar que a fachada do comitê fosse fotografada. O que têm a esconder? Ou trata-se simplesmente de truculência gratuita? Uma outra hipótese é um rancor contra as publicações da empresa Folha da Manhã S/A por exercer um jornalismo independente, revelando algumas das artimanhas da publicidade do PPB, como o "Fura-Fila", projeto que está sendo abandonado na própria cidade alemã em que surgiu por revelar-se inviável, ou pelas denúncias de uso da máquina pública na campanha.
Felizmente nenhum dos dois jornalistas da Folha sofreu ferimentos mais graves, mas a atitude dos "militantes" do comitê indica que, mesmo em São Paulo, a cidade mais rica e desenvolvida de todo o país, parte da política ainda se faz como nos grotões do Brasil, na base da violência, da intimidação, da truculência e sabe-se lá mais o quê.
Causa ainda espanto o fato de supostos militantes de um partido político, que deveriam agir segundo idéias, propostas -e até onde se sabe o PPB jamais pregou a violência-, apelarem para a ignorância. Fica a suspeita de que talvez não sejam "militantes", mas apenas leões-de-chácara contratados mediante boa paga.
É de lamentar que métodos brutais e intimidadores ainda existam no meio político nacional, mesmo numa cidade como São Paulo.

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