São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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Tucanos do contra

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Um grupo de tucanos do contra tem sugerido a FHC uma inusitada estratégia para a emenda da reeleição. Acham que o presidente deveria dar uma freada nas articulações que estão em curso.
São capitaneados por Mário Covas, governador de São Paulo, que aparece publicamente falando do assunto. Nos bastidores, pelo menos um ministro já se declarou a favor da idéia. E outros estão sendo cooptados.
Alguns ministros não querem nem ouvir falar disso. São os da área econômica. Para Kandir (Planejamento) e Malan (Fazenda), quando mais rápido sair a reeleição, melhor.
A idéia por trás dos que preferem postergar a votação da reeleição é simples. Acham que o governo está hoje desgastando sua imagem à toa. Ainda não existe apoio popular.
Além disso, o desgaste será longo. Mesmo começando o processo já, dificilmente FHC conseguirá arrancar a emenda aprovada na Câmara e no Senado antes da metade de 97.
Durante todo esse período, argumentam os tucanos do contra, o presidente ficaria sujando sua imagem e nada aconteceria. Melhor seria governar o país, fazer outras reformas, promover o crescimento econômico e ganhar apoio popular para a reeleição.
É a velha estratégia batizada de saída Menem. Foi o que fez o presidente da Argentina, Carlos Menem. Quando faltava pouco tempo para a escolha de seu sucessor, ele conseguiu no Congresso a autorização para se reeleger usando o slogan "no hay mejor".
Os tucanos do contra acham que FHC ainda não conseguiu essa unanimidade popular. Mas que isso pode acontecer até o início de 98.
A reeleição viria, portanto, por gravidade. Seria um processo mais rápido e mais barato para o governo.
O problema disso tudo é que um ministro já cochichou no ouvido de FHC a estratégia. E ouviu uma resposta cifrada: "Os partidos estão pressionando muito para que seja agora".
Para quem conhece o presidente, FHC quis dizer o seguinte: "Eu prefiro que seja agora".

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