São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rolagem pode ajudar a aprovar reeleição

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A renegociação das dívidas dos Estados terá um alto rendimento político para o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Os governadores que conseguirem renegociação serão excelentes aliados do governo no final deste ano, quando FHC espera encaminhar a emenda constitucional da reeleição ao Congresso.
Quatro Estados são os mais problemáticos. São Paulo, Rio, Minas Gerais (governados pelo PSDB) e Rio Grande do Sul (do PMDB) respondem por uma dívida de R$ 36,3 bilhões em títulos. Isso equivale a 89,7% do total de todas as 27 unidades federativas do país.
Minas já acertou a rolagem de sua dívida. Coincidentemente, o governador mineiro, Eduardo Azeredo, é o tucano que mais tem acumulado poder político dentro do PSDB nos últimos meses.
O próximo Estado a resolver seus problemas deverá ser o Rio Grande do Sul, governado pelo peemedebista Antônio Britto, um antigo aliado de FHC e dos tucanos.
Novos investimentos
Endividados, os Estados estão hoje impossibilitados de fazer investimentos como desejariam seus governadores.
Com a federalização da dívida, os governadores ficam liberados para gastar em novos projetos. Com isso, melhoram a imagem junto ao eleitorado.
A conta será paga na hora de conseguir votos no Congresso para a emenda da reeleição. Todo governador influi sobre parte da bancada de parlamentares de seu Estado no Congresso em Brasília.
Operação econômica
O governo FHC nega que a rolagem das dívidas estaduais tenha alguma coisa a ver com a conjuntura política. O argumento oficial é de que se trata de uma operação exclusivamente econômica.
Os Estados terão de cumprir metas rígidas, cortar gastos quase que imediatamente e pagar parte dos débitos à vista. Só assim terão as dívidas renegociadas.
Só que a possibilidade de reeleição de FHC está para ser votada até o início de 97. Se, depois disso, os Estados descumprirem suas metas econômicas, o governo federal poderá perfeitamente fazer vistas grossas.

Texto Anterior: O endividamento estadual (em R$ bilhões)
Próximo Texto: Líder do governo pode deixar cargo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.