São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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É ABSURDO

Os homicídios em São Paulo cresceram cinco vezes mais do que a população nos dez anos transcorridos entre 1985 e 1995, segundo números da Secretaria de Segurança Pública. Obviamente, novos fenômenos sociológicos como o crescimento em grande escala do tráfico de drogas e a consequente disputa por territórios contribuíram para o brutal aumento dos assassinatos. Ainda assim, o crescimento no número de pessoas que tiram a vida umas das outras não pode ser explicado apenas pelo tráfico de entorpecentes.
Para além dele, existe na região metropolitana de São Paulo um trânsito cada vez mais intenso e violento, homicida mesmo. O número de pessoas que andam armadas também subiu drasticamente. Segundo pesquisa da OAB, é absolutamente inútil e até perigoso fazê-lo. De cada 16 pessoas que reagem armadas a uma agressão, 15 acabam ou mortas ou feridas; apenas uma obtém sucesso.
Pior, as armas portadas por cidadãos comuns acabam sendo roubadas e vendidas no mercado negro, dando novo alento à espiral da violência. É razoável supor que a acentuação das desigualdades sociais também tenha dado a sua contribuição à criminalidade.
Tudo somado, o que se tem agora é uma evidência estatística a corroborar o sentimento empírico de insegurança da população paulistana. O governo Covas tem se defendido com a alegação de que, na sua gestão, o aumento no número de homicídios não foi tão expressivo.
Ainda que seja verdade, para a população não importa em qual governo aumentou mais ou menos a violência. O fato, comprovado pela própria Secretaria de Segurança de Covas, é que ela aumentou exponencialmente nos dez últimos anos.
Resta esperar que o governo saia dessa linha defensiva e comece um programa efetivo de recuperação da segurança pública, sob pena de, dentro de cinco anos, outra estatística demonstrar que a violência aumentou ainda mais.

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