São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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POLÍTICA TRIBAL

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) encenou anteontem mais um ato de sua conhecida truculência. Basta reproduzir a frase do senador, a propósito da tentativa da direção pefelista de vetar o ingresso no partido do senador Gilberto Miranda (AM), que deixou o PMDB.
"Nem o presidente do partido nem outro correligionário meu têm coragem de falar em veto sem a minha autorização", disse ACM.
A própria deselegância, em si, já seria suficiente para chamar a atenção. Mas a frase se torna ainda mais grave por simbolizar o fato de que, no Brasil, a política ainda é território livre para o caciquismo.
O caso de ACM no PFL está longe de ser isolado. Prova-o, de resto, a campanha eleitoral municipal, especialmente em São Paulo.
O prefeito paulistano, Paulo Maluf, não perde nem mesmo uma oportunidade sequer para mostrar que é o dono de seu partido (o PPB) e usa o horário gratuito para promover-se.
No PMDB, desempenha papel idêntico o ex-governador Orestes Quércia. Com uma agravante: Quércia nem é candidato a coisa alguma, nem exerce funções públicas que estejam sendo julgadas na disputa municipal.
No entanto, dispõe de quase tanto tempo na televisão quanto os peemedebistas que disputam cargos, simplesmente porque é "dono" do PMDB paulista.
Não surpreende, nesse cenário, que idéias e propostas acabem atropeladas, campanha eleitoral após campanha eleitoral, pelos personalismos, como se a política brasileira, às vésperas do século 21, ainda fosse uma selva em que cada cacique trata de demarcar o seu território.

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