São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Dança das cadeiras

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O presidente Fernando Henrique Cardoso começou a emitir sinais claros de como será a reforma ministerial programada para o início do ano que vem.
A dança das cadeiras ficou explícita nas palavras de FHC, ontem, em solenidade no Planalto. O presidente falava sobre a regulamentação do fundo que aumentará os gastos com estudantes do primeiro grau.
Depois de elogiar o ministro da Educação, Paulo Renato, o presidente mandou um recado claríssimo para o ministro da Saúde, Adib Jatene. Eis as palavras de FHC:
"Na saúde, precisa haver isso também. (...) É muito fácil fazer um lobby e vir aqui ao gabinete do presidente da República exigir mais dinheiro para o hospital. Mas é muito mais difícil fazer com que cada um, no seu nível, cumpra a sua responsabilidade e dê dinheiro para a saúde. O município, o Estado e a União também".
Recado mais direto para Jatene, só mesmo se o presidente o mandasse embora de Brasília. E isso FHC não fará agora. Nem precisa. O presidente inclusive negou, depois do discurso, que tivesse criticado o ministro da Saúde.
Mas ficou evidente que Adib Jatene está entre os mais cotados para ceder a cadeira na reforma ministerial. Candidatos ao posto não faltam.
O mais conhecido é o deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE), que pode receber a pasta como prêmio de consolação para desistir de se candidatar a presidente da Câmara.
Outro candidato, esse dos sonhos de FHC, atende pelo nome de Ciro Gomes e não quer nem saber de voltar ao governo. O presidente acha que ministérios como os da Saúde e da Educação precisam ser ocupados por pessoas com grande capacidade de empreendimento e audácia para enfrentar grandes lobbies. Exatamente o perfil de Ciro Gomes.
Esse perfil "fazedor", como se diz dentro do governo, será a característica básica dos futuros ministros.
Só falta FHC encontrá-los e convencê-los a entrar no governo.

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