São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Cidade vê coleção de obras de Picasso e Klee

SILVIA BITTENCOURT

ESPECIAL PARA A FOLHA, EM BERLIM

Uma preciosa coleção de arte, pertencente ao marchand alemão Heinz Berggruen, está, desde a semana passada, aberta ao público em Berlim. São 113 obras da arte moderna, a maioria do espanhol Pablo Picasso, com quem Berggruen manteve estreita amizade, e do alemão Paul Klee.
Denominada "Picasso e seu Tempo", a coleção apresenta também obras de Cézanne, Van Gogh, Alberto Giacometti e dos cubistas Georges Braque e Laurens.
Completam a exposição esculturas da arte primitiva africana.
A coleção traz 69 trabalhos de praticamente todas as fases de Picasso (1881-1973). Entres eles estão algumas naturezas-mortas, como a bela "Natureza-morta com Violão Azul", de 1924.
Na opinião de historiadores da arte, a coleção de Berggruen -já exposta na National Gallery de Londres, mas que agora tem um espaço próprio em Berlim- está na mesma raia dos museus de Picasso em Paris e Barcelona.
Também se destacam as aquarelas e pequenos desenhos de Paul Klee (1879-1940), a maioria dos anos 20.
A coleção de Berggruen ficará por dez anos em Berlim. Esse "empréstimo" à capital alemã, segundo o colecionador, simboliza uma espécie de reconciliação com o seu país.
Nascido em Berlim em 1914, o judeu Berggruen deixou a Alemanha nos anos 30, época da ascensão dos nazistas ao poder. Foi para os Estados Unidos e, depois, para a França. Em Paris, viria a se tornar um dos maiores marchands e colecionadores deste século.
A abertura da coleção de Berggruen ao público, em Berlim, aconteceu junto com o lançamento de sua autobiografia, na qual conta, entre outras coisas, sobre a amizade com Picasso e um curto romance que teve com a artista mexicana Frida Kahlo.
Com Berggruen, também volta à Alemanha a arte moderna. Nas duas primeiras décadas do século, Picasso era, não só em Berlim -então centro das vanguardas-, mas em toda a Alemanha, o grande nome da arte moderna. Segundo John Richardson, especialista na obra do artista, não havia nenhum país com mais colecionadores de Picasso.
Nos anos 30, porém, sua obra -assim como a de todos os outros representantes da arte moderna- sofreu com a devastação cultural promovida pelos nazistas. Mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, Picasso acabou sendo pouco representado no país.
Berlim, agora, faz fila na porta desse novo "museu", uma mansão em frente ao palácio de Charlottenburg, região nobre do ponto de vista histórico e cultural. Ali, no próprio museu, Berggruen montou seu apartamento. "É para viver junto com meus quadros."

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