São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Tesouro consegue mais prazo para financiar dívida

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma das principais âncoras do otimismo do governo para o ano que vem são os títulos da dívida pública com prazos de vencimento mais longos.
No mês passado, o Tesouro conseguiu um feito inédito nos últimos 15 anos. Conseguiu vender para o mercado títulos com vencimento de 12 meses.
A última vez que isso tinha acontecido foi em 81. De lá para cá, os papéis do governo foram tendo prazos cada vez mais curtos.
Em alguns períodos, de 87 a 89 e em 91 e 92, os papéis da dívida do governo tinham vencimento muito curto. Isso obrigava o Banco Central a fazer novos leilões quase que diariamente. E havia grande intranquilidade no mercado.
Um estudo do Ministério do Planejamento demonstra que os períodos de inflação mais alta coincidiram exatamente com as fases nas quais os papéis do governo eram de prazos curtíssimos.
Agora, a situação se inverteu. A expressão mais usada por técnicos do governo é "fase da previsibilidade" para definir o ano de 97.
Esse discurso será usado em todas as exposições do governo daqui para a frente. O grande lançamento dessa tese deve ocorrer no final deste mês, quando parte da equipe econômica estará em Washington, nos EUA, para reuniões do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Prazos mais longos
Se as previsões otimistas se confirmarem em 97, a idéia do governo é alongar cada vez mais os papéis de sua dívida.
Nos Estados Unidos, os títulos da dívida pública vencem em prazos longuíssimos -de 30 anos, por exemplo. Essa é a meta do governo brasileiro no futuro.
Segundo os dados obtidos pela Folha, 48,95% dos títulos da dívida do Tesouro Nacional têm prazo de vencimento de 12 meses.
Essa dívida do Tesouro equivale a aproximadamente metade da dívida federal em títulos. O objetivo da equipe é que no final de 97 a grande maioria dos papéis possa ser incluída na categoria de 12 meses de prazo.
(VC e FR)

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