São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Gangues armadas preocupam polícia

DA REDAÇÃO

As gangues de adolescentes são a nova preocupação da polícia em todo o país. Sejam formadas por jovens da periferia das cidades nordestinas ou de Brasília, funkeiros no Rio de Janeiro ou por filhos da classe média alta de São Paulo, elas têm como alvo principal outros jovens em bares e casas noturnas.
A maior preocupação é que os gangueiros estão trocando armas artesanais (como o soco inglês) por armas de fogo. No dia 20 de agosto e no dia 3 deste mês, duas meninas, uma de 16 e outra de 10 anos, foram mortas em São Paulo e Fortaleza por balas perdidas disparadas em brigas de gangues.
Além da violência física, algumas turmas praticam pequenos furtos e fazem o que é chamado de pedágio. O grupo cerca pessoas nas ruas e faz uma espécie de corredor polonês, onde a vítima é agredida e obrigada a entregar dinheiro e relógio.
A existência das gangues é sentida principalmente em escolas, constantemente depredadas. Por medo, elas estão cada vez mais parecidas com prisões. Portas e janelas são protegidas com grades, há vigilantes 24 horas e os alunos são obrigados a jogar em quadras trancadas. Em uma escola da cidade-satélite de Ceilândia (DF), os alunos precisam pedir ao professor que abra o cadeado quando querem ir ao banheiro.
Também em Ceilândia, gangueiros não pouparam nem uma escola primária, que amanheceu com o portão baleado. A polícia acredita em represália à prisão de um homem que extorquia crianças e foi denunciado pela diretora da escola.
Para enfrentar esses grupos, a polícia está utilizando métodos de combate a máfias, como a infiltração. Em Belém, a polícia infiltrou agentes nos grupos para localizar e deter os líderes. Com isso, o número de gangues caiu para a metade e os homicídios ligados a esses grupos despencaram da média de dois por final de semana para dez em oito meses.

LEIA MAIS sobre as gangues na pág. 11

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