São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Adeptos de artes marciais atacam à noite

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento no número de ocorrências envolvendo gangues de jovens formados em academias de artes marciais já começa a preocupar a polícia de São Paulo.
Mais da metade das academias de jiu-jítsu da capital seriam clandestinas. Seus "alunos" seriam instigados a participar de atos violentos, o que contraria a filosofia dessa arte marcial.
Na periferia, grupos que se reúnem em portas de colégio ou escolas de samba atacam homossexuais, negros e nordestinos.
Na semana passada, três rapazes foram agredidos por lutador de jiu-jítsu em uma casa noturna no Itaim-Bibi (zona sul). Um dos rapazes teve um corte profundo. Outro teve afundamento de maxilar.
O suposto agressor, professor de jiu-jítsu, disse que os três teriam "mexido" com a sua namorada.
Segundo o delegado Alberto Angerami, 56, diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), a orientação da polícia é "coibir e reprimir, mesmo se forem de famílias ricas".
Pânico na noite
"São jovens de classe média e alta que se reúnem para arrumar confusão nas casas noturnas. Eles estão estabelecendo o pânico na noite de São Paulo", afirma.
A maioria desses jovens frequenta academias de jiu-jítsu. Os grupos têm poucos integrantes. Eles se reúnem em casas noturnas e brigam por motivos fúteis.
A violência, para os integrantes das gangues de academias, é encarada como uma diversão ou uma simples demonstração de poder.
Segundo Angerami, a violência é incentivada pelas próprias academias, que "têm orientação pedagógica de formar lutadores".
O presidente da Federação Paulista de Jiu-Jítsu, Otávio de Almeida Júnior, 43, rebate as críticas de Angerami. "É muito fácil culpar pessoas sem ter o conhecimento real da situação", afirma.
Segundo ele, há em São Paulo mais de cem academias piratas de jiu-jítsu e apenas 78 regularizadas. "Há 10 mil praticantes em São Paulo e outros 10 mil que são enganados", afirma.
"Não compactuamos com nenhuma pessoa que use o nome do jiu-jítsu para praticar atos violentos", afirma.

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