São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Europeus vão avaliar universidade de PE

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) será a primeira instituição de ensino superior do país a ser avaliada com critérios exclusivamente estrangeiros.
A pedido do reitor, Mozart Ramos, 41, a Conferência de Reitores da Europa (CRE) decidiu fazer em 97 uma experiência de avaliação institucional na América Latina.
"Com a globalização, o conceito de qualidade deixa de ser local ou regional. Daí pedirmos essa avaliação", diz o reitor da UFPE, uma das melhores universidades públicas do país, com destaque para áreas como física e educação.
"Aceitamos porque achamos interessante a idéia de ter um projeto piloto que mostre como nossa avaliação funciona fora da Europa", diz o secretário geral do CRE, Barblan Andris, em entrevista por telefone de Genebra, Suíça.
A entidade é responsável pela avaliação de 520 universidades européias. Também mantém dois programas -Alpha e Columbus- de troca de informação e experiência com mais de 60 instituições de ensino latino-americanas.
Em torno da Páscoa do ano que vem, haverá uma "visita preliminar" dos avaliadores à UFPE, afirma Barblan. "Em junho ou julho, faremos a visita principal."
"A primeira é necessária porque o contexto em que se insere a universidade é completamente diferente do europeu. Precisamos entender isso antes", diz.
Sem ranking
Segundo Barblan, "a especificidade do processo de avaliação do CRE é que ele não controla a qualidade do produto -como está o ensino de inglês, por exemplo".
"Analisamos a qualidade da administração. Olhamos como a universidade se organiza para entregar determinados produtos. A idéia não é fazer um ranking."
"O CRE faz uma "avaliação de apoio", diz o secretário geral. "Com uma visão externa, ajudamos a instituição a compreender seu próprio desenvolvimento, suas áreas estratégicas. Podemos, por exemplo, dizer que o treinamento de professores poderia ser melhor", afirma.
A comissão que fará a avaliação é composta pelos reitores das universidades de Utrecht (Holanda) e Lisboa (Portugal) e pelo ex-reitor da Universidade de Edimburgo (Escócia) ou da Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica).
Haverá pelo menos mais dois peritos estrangeiros, "uma vez que a transposição da metodologia européia para outro continente pode aconselhar que sejam feitas algumas adaptações", diz o reitor da Universidade do Porto (Portugal), Alberto Amaral, que apresentou no CRE o pedido da UFPE.

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