São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Cuba quer ir à Copa em 'campo inimigo'

País manda jogos nas eliminatórias fora de casa

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção cubana de futebol, em sua luta por uma vaga na Copa do Mundo de 98, adotou uma estranha política: manda as suas partidas na "casa do adversário".
Cuba integra o Grupo 2 da Concacaf nas eliminatórias para o Mundial da França.
Ontem, o time enfrentou o Panamá. Mesmo sendo mandante da partida, atuou na Cidade do Panamá. A estratégia acabou dando certo: venceu por 3 a 1.
No dia 8 de setembro, porém, também como mandante, jogou contra El Salvador, em San Salvador. Perdeu por 5 a 0. No próximo dia 13 de outubro, Cuba irá "receber" o time canadense, seu adversário mais forte no Grupo, no Canadá.
A delicada situação econômica por que passa o país de Fidel Castro é a razão da seleção da Ilha só atuar "em campo inimigo".
Sem condições financeiras para receber os adversários, os cubanos viram como única solução realizar um acordo com a Concacaf.
A entidade e a Associação de Futebol de Cuba fizeram uma troca. Todas as despesas de Cuba nas eliminatórias são bancadas pela Concacaf, mas a seleção da ilha manda seus jogos em outros países.
O sucesso
Com uma equipe muito jovem -seis atletas têm menos de 20 anos-, Cuba começou bem sua peregrinação nas eliminatórias.
Em dois jogos contra as Ilhas Cayman, ambos no campo alheio, Cuba venceu (1 a 0 e 5 a 0).
Na fase seguinte, o time disputou duas partidas contra o Haiti: 1 a 1 e 6 a 1. A vitória foi conquistada em Port of Spain (Trinidad e Tobago).
A equipe, por não disputar jogos internacionais, não figurava no ranking da Fifa até 94. Quando apareceu, estava na posição 175. Hoje, Cuba já pode se gabar de ter a 51ª melhor seleção do planeta.
Mesmo com problemas estruturais, o futebol cubano tem evoluído. Hoje, a Liga Cubana tem duas divisões: a Primeira com oito clubes; a Segunda, com quatro.
"Cerca de 12 mil pessoas assistiram à decisão da temporada passada", diz orgulhoso Antonio Diaz, assessor de imprensa da Associação de Futebol de Cuba.
Antigamente, o futebol em Cuba era usado para colocar em forma os militares. Da modernização do esporte no país, decorreu a contratação de um técnico italiano para a seleção, Geovanni Campari, e o pedido de asilo político do ex-capitão do time, Fernando Grinan.

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