São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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Arquitetos lançam manifesto contra a propaganda de Pitta

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas em arquitetura e urbanismo divulgaram um manifesto contra a propaganda eleitoral do candidato à Prefeitura de São Paulo Celso Pitta (PPB).
"Ficamos muito revoltados com as barbaridades que estão propondo no programa", declarou Flávio Villaça, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
O manifesto reuniu assinaturas de 47 profissionais, entre geógrafos, urbanistas e arquitetos.
O documento fala em "distorções e falsidades inaceitáveis" veiculadas pela propaganda e acusa a atual administração de estar submetida aos interesses das "grandes empreiteiras".
Segundo o manifesto, o R$ 1,28 bilhão gasto com o complexo viário que inclui o túnel Ayrton Senna seria suficiente para a construção de 20 km de linhas de metrô.
Os especialistas chamam a obra de "o maior erro urbanístico" da cidade, já que os "poucos avanços" proporcionados por ela beneficiariam só os bairros ricos.
"A av. Água Espraiada é apresentada como obra social de saneamento, quando em nada alterou as condições sanitárias do córrego", acusa o documento.
Para os técnicos, enquanto o Cingapura não atendeu mais de 3.800 famílias faveladas, outras 9.000 foram desalojadas para a abertura da av. Água Espraiada.
"Essas pessoas ainda foram transportadas até áreas de proteção de mananciais, onde a ocupação é proibida", explicou Villaça.
O secretário de Obras e Vias Públicas da prefeitura, Reynaldo de Barros, declarou que as críticas só poderiam vir de "correntes políticas" de oposição.
"As obras são importantíssimas. Resolveram o problema da população. O grosso do pessoal da av. Água Espraiada foi transferido para o conjunto Tiradentes. É o fim do mundo que um arquiteto que se preze diga o contrário."

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