São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sindicatos alertam para risco de tumulto

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

Líderes sindicais ligados à CGT (Confederação Geral do Trabalho) publicaram ontem nos jornais argentinos uma advertência sobre a possibilidade de distúrbios na greve geral programada para quinta e sexta-feira.
"Consideramos arriscada a mobilização marcada para o dia 26, pois recentes experiências nos mostraram que essas concentrações são aproveitadas por grupos que só lucram com a desordem e o caos", diz a nota, que foi assinada por representantes dos petroleiros, mineiros e trabalhadores da indústria do gás, entre outras categorias.
Na quinta-feira, a cúpula da CGT pretende fazer uma manifestação na Praça de Maio (onde se localiza a sede da Presidência da República). Na última paralisação no país, grevistas e policiais se enfrentaram nas praças em que houve concentrações.
Coube a Juan Manuel Palacios, segundo na escala hierárquica da CGT, a tarefa de responder à nota. De acordo com o sindicalista, a central já organizou um esquema de segurança próprio. "Não haverá tumultos nem infiltrados", disse Palacios.
Para garantir uma presença massiva na manifestação, a CGT vai manter os meios de transporte públicos em funcionamento até as 20h de quinta-feira.
Críticas
Ontem, a cúpula da entidade se reuniu e desmentiu os rumores sobre um possível adiamento da greve, fruto de negociações com o governo. "Não haverá recuo", disse o líder da CGT, Rodolfo Daer.
O sindicalista, único orador do ato de quinta-feira, elegeu o projeto de flexibilização trabalhista do governo como alvo principal. "Precisamos evitar o avanço do processo de precarização do trabalho", afirmou.
Rodolfo Daer recebeu ontem uma visita do senador Antonio Cafiero, que integra o Partido Justicialista (governista), mas se mantém distanciado do presidente Carlos Menem.
Sem dar apoio explícito à greve, Cafiero criticou a flexibilização proposta pelo governo.
Canal aberto
Enquanto a CGT endurece o discurso, o governo procura reabrir o diálogo. O ministro do Interior, Carlos Corach, pediu que a entidade mantenha abertos os canais de contato com o governo, "antes e depois da greve".

Texto Anterior: Diminui o número de protestos no país
Próximo Texto: Centrais vão dar apoio a argentinos quinta-feira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.