São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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TV Senado é usada para campanha

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Proibidos de imprimir cartazes e calendários na gráfica do Senado, alguns senadores encontraram um novo meio de fazer propaganda eleitoral com dinheiro público.
Cinco deles usaram equipamentos da TV Senado (emissora que vai ao ar por meio da TV paga Net) para gravar depoimento de apoio a candidatos a prefeito.
Dificilmente haverá punição pelo uso da "gráfica eletrônica". Os senadores e a direção da Casa jogam uns sobre os outros a responsabilidade pela apuração dos fatos.
O artigo 4º do ato 73/93 da Comissão Diretora diz que os senadores podem gravar pronunciamento ou entrevista pessoal no estúdio da Central de Vídeo do Senado.
Mas o parágrafo 4º diz que as gravações ficam proibidas nos 60 dias que antecederem as eleições.
O senador Teotônio Vilela (PSDB-AL), presidente nacional do PSDB, admite que fez três gravações no estúdio da TV Senado, em apoio a candidatos do partido.
"Foi um erro, um descuido no calor da campanha", afirmou Vilela. Ele disse que fez mais de 200 gravações em apoio a candidatos -apenas 3 delas na TV Senado.
Os senadores Romeu Tuma (PSL-SP) e Pedro Simon (PMDB-RS) afirmam que fizeram gravações em apoio ao candidato a prefeito de Campo Grande, deputado André Puccinelli (PMDB-MS), a pedido do senador Ramez Tebet (PMDB-MS).
"A responsabilidade é minha. Os senadores não têm culpa", disse Tebet. Ele afirmou que Iris Rezende (PMDB-GO) também gravou depoimento.
Empurra-empurra
Simon afirmou, por meio da sua assessoria, que não sabia que os equipamentos eram do Senado. Disse estar disposto a pagar pelo uso dos equipamentos.
Tuma disse, também por meio da sua assessoria, que confia que Tebet tenha feito as gravações com autorização da Mesa Diretora.
Tebet disse que agiu "na maior boa-fé". "Achei que fosse um fato normal. Afinal, que prejuízo teve o Senado? A fita era minha."
O primeiro secretário do Senado, Odacir Soares (PFL-RO), afirmou que os senadores devem pagar pelo uso dos equipamentos. "Vou chamá-los a pagar. É o mínimo que pode ser feito."
Para Soares, a responsabilidade sobre a apuração dos fatos é da Secretaria de Comunicação Social, órgão ligado à presidência da Casa.
O chefe de gabinete da presidência do Senado, Carlos Sant'Anna, disse que a responsabilidade de apuração é de Tuma, o corregedor da Casa. Segundo a assessoria do senador Tuma, o secretário de Comunicação Social, Fernando César Mesquita, deve apresentar relatório ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

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