São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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Atrás de apoio, Erundina se dispõe a abrir mão do programa de governo

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para atrair o apoio de líderes de outros partidos à sua candidatura, principalmente se vier a disputar o segundo turno, Luiza Erundina está disposta a rediscutir seu programa de governo "para incorporar a contribuição dessas forças".
A candidata do PT à Prefeitura de São Paulo anunciou essa decisão ao iniciar carreata ontem à tarde pelas ruas de Itaquera, na zona leste. Seu plano é fazer um governo de coalizão com outros partidos.
Erundina disse que aproveitará a adesão de políticos de outros partidos à sua candidatura, prevista para amanhã, para lançar sua proposta de governo de coalizão. Não revelou os pontos de seu programa de governo que podem mudar.
A adesão desses políticos, em sua maioria do PMDB, é uma estratégia de Erundina para neutralizar a pregação favorável ao voto útil feita por José Serra (PSDB). A petista respondeu ontem de forma dura a críticas do candidato tucano.
Perfil enrustido
Serra havia dito que Erundina tinha "personalidade atormentada". Em resposta, a petista afirmou que o tucano "tem personalidade enrustida, para dentro dele mesmo, insegura e medrosa, que está levando ele ao desespero".
"Serra é que deve se cuidar. Deve estar com um vulcão dentro dele", disse. "Minha personalidade é essa mesma, apaixonada pelo que faço, objetiva, carinhosa, franca. Diferente da personalidade dele."
O motivo do atrito entre Erundina e Serra são insinuações do tucano de que há um acordo entre o PT e o PPB para que o segundo turno seja entre a petista e Celso Pitta. Serra chama esse suposto entendimento de "Malundina" (cruzamento de Maluf com Erundina).
A petista voltou a dizer que é Serra quem tem proximidade com Maluf. Segundo ela, quando ainda era ministro do Planejamento, seu adversário e o prefeito chegaram a ensaiar uma dobradinha para disputar a sucessão malufista.
"Só não estão hoje juntos porque o PSDB demorou muito a se decidir, e o PPB foi mais esperto", afirmou. Para ela, Serra é um aliado natural do malufismo e "estão juntos" no governo FHC. "Maluf vive elogiando o presidente."
Para Erundina, o tucano não pode ser considerado um candidato "progressista". "Nem social-democrata ele é. A social-democracia tem outra configuração."

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