São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
Próximo Texto | Índice

Bomba caseira mata rapaz em Minas

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO e PAULO PEIXOTO

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO; PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Christiano Augusto de Souza desarmava artefato em seu quarto quando houve a explosão; mãe perde a mão

Uma pessoa morreu e outra ficou ferida na explosão de uma bomba de fabricação caseira no interior de um apartamento no bairro Alto Barroca, de classe média, em Belo Horizonte, na noite de anteontem.
Christiano Augusto de Souza, 23, que montou a bomba, morreu na sala de cirurgia do hospital João 23, à meia-noite de ontem. Sua mãe, Mariza Aparecida do Nascimento Souza, 54, teve a mão direita amputada e sofreu fratura exposta na perna esquerda.
O chefe da Divisão de Perícia da Polícia Civil de Minas Gerais, Hamilton Moreira, informou que a bomba continha pólvora e uma outra substância "que está sendo analisada".
No apartamento, foram apreendidos materiais químicos e livros que poderiam ter orientado a fabricação da bomba.
Ferimentos graves
Segundo o hospital João 23, Souza deu entrada no setor de emergência com ferimentos no abdome, perna e mão esquerda, com fraturas e queimaduras generalizadas. Ele foi levado à sala de cirurgia, mas não sobreviveu.
Sua mãe foi submetida a uma cirurgia para amputação da mão e parte do antebraço direito. Ela não corre risco de vida.
Segundo um amigo de Souza, Eduardo Faria Carvalho, 22, a bomba foi montada com pólvora e produtos químicos no interior de um cano de metal. Souza havia lhe contado sobre a bomba.
Há alguns dias, o artefato foi descoberto pela mãe da vítima. Ela teria contado para o ex-marido, Joamar de Souza, que mandou o filho se desfazer da bomba.
O médico Antônio de Pádua Mesquita Melo, 42, do hospital João 23, afirmou que Mariza de Souza lhe disse que a bomba explodiu quando o filho tentava desarmá-la em seu próprio quarto.
No momento da explosão, os dois estavam no quarto. "Ele mostrou a bomba a ela, disse que era muito perigosa e que iria desarmá-la. Quando estava sendo desarmada, a bomba explodiu", disse Melo.
Destruição
A explosão, ocorrida por volta de 19h de ontem, foi ouvida a uma distância de pelo menos dois quarteirões em torno do prédio.
Segundo o comerciário José Penido, que mora a 200 metros do local, "o barulho parecia de um transformador explodindo".
A explosão destruiu todos os vidros do apartamento, provocou uma rachadura na parede do quarto e destruiu os móveis.
O enterro de Souza, às 16h de ontem, no cemitério do Parque da Colina, em Belo Horizonte, foi acompanhado por cerca de 50 pessoas.
Os parentes da vítima evitaram a imprensa. O pai, Joamar de Souza, não quis dar entrevista à Agência Folha.

Próximo Texto: Amigo diz que Souza era fascinado por química
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.