São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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Amigo diz que Souza era fascinado por química

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Christiano Augusto de Souza, que completou 23 anos no último sábado, sempre gostou de manipular produtos químicos e bombas de artifício.
"Ele era muito inteligente e fascinado por química", disse Eduardo Faria de Carvalho, 22, amigo e vizinho de Souza desde os 2 anos de idade.
Segundo ele, Souza sempre gostou de ler publicações sobre química e se interessava também por bombas. No apartamento onde morava, Souza mantinha vários produtos químicos que manipulava com frequência.
"O Christiano sempre me contava que ia para a biblioteca de química da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para estudar. Ele gostava muito disso", afirmou o amigo.
Primeira vez
Carvalho disse que essa foi a primeira vez que Souza confeccionou uma bomba caseira de maior impacto.
Souza o procurou para contar que tinha feito a bomba e que seu pai pediu que se desfizesse dela.
Antes, segundo o amigo, Souza comprava bombas de artifício e juntava a pólvora de algumas, de forma a construir outra "que fizesse mais barulho".
No último domingo, por exemplo, ele comprou bombas de garrafão -tipo de bomba envolta por cordão-, as desmanchou e juntou vários desses artefatos para fazer uma bomba com maior poder de explosão.
"Ele explodiu essas bombas em um lote vago depois do jogo do Cruzeiro com o Palmeiras' ', disse o amigo.
'Hábitos estranhos'
Carvalho disse que Souza "tinha hábitos estranhos", mas que nunca se interessou por eles.
"Ele sempre vinha me contar. Outro dia apareceu com uma faca importada da China. Ele fazia coleção de facas. Sempre disse para ele não ficar gastando dinheiro com essas coisas", afirmou.
Tuti -seu apelido- era um rapaz que conversava pouco e não tinha muita convivência com outras pessoas do prédio onde morava, no bairro da Barroca, região oeste de Belo Horizonte.
Os vizinhos, no entanto, foram unânimes em afirmar que ele era muito inteligente.
Ele morava com a mãe e era filho único. Segundo os amigos e vizinhos, era muito ligado ao pai, Joamar de Souza, que vive separado da mulher.
Souza cursou a escola até o segundo grau, concluído há cerca de três anos, e não quis mais estudar, embora seu pai tivesse sempre insistido.
Ele ficava a maior parte do tempo em casa e costumava ir para o sítio do pai, nas proximidades de Belo Horizonte, nos fins-de-semana.
Há cerca de três meses, começou a trabalhar em uma loja de baterias de automóveis montada por seu pai para dar-lhe uma atividade profissional.
(PP)

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