São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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Antunes Alves vota até contra si mesmo para seguir o PMDB

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Murillo Antunes Alves (PMDB), 77, é um defensor ferrenho da fidelidade partidária -a tal ponto que prefere votar contra si mesmo a traí-la.
Seu principal projeto na Câmara foi o que tornou obrigatório o uso do cinto de segurança -embora muitos atribuam o mérito ao prefeito Paulo Maluf, o que deixa o vereador "desencantado".
Alves começou no jornalismo aos 16 anos. É âncora do telejornal "Record em Notícias".
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Folha - Hoje, o sr. votaria a favor do PAS, do Cingapura e da extensão da Faria Lima?
Alves - O que precisa ficar bem claro é que eu fui sempre um defensor da fidelidade partidária. Em todas as decisões que eu tomei na Câmara, o PMDB foi ouvido. Sempre votei assim.
E, para você ver como sempre fui disciplinado partidariamente, por três vezes em quatro anos me ofereceram a presidência da Câmara e em nenhuma das vezes eu fui presidente, porque o PMDB não quis. Na última eleição, o (Brasil) Vita era o candidato do prefeito. E eu fui apoiado pela oposição. Quando chegou o dia da eleição, eu fui ouvir o partido. E o PMDB achou que era melhor apoiar o Vita.
Então, disciplinadamente, na hora de votar, disse (à oposição): "Agradeço muito, mas meu partido quer que votemos no Vita. Voto em Brasil Vita".
Nós éramos cinco na bancada. O Vita teve 32 votos, e eu tive 23. Você pega os cinco, inclusive o meu, e eu teria 28, e ele, 27.
Folha - Não é uma posição ingênua, com partidos tão fracos?
Alves - Talvez. Aceito, até, o adjetivo. Mas prefiro ingenuamente ficar em paz com minha consciência do que lutar contra um princípio que, desde a faculdade, sempre defendi.

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