São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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Acrefi descarta crediário bem mais barato

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O impacto da queda dos juros na ponta da captação de dinheiro sobre o crediário não deverá ser grande, e só será sentido a partir de meados de outubro. A opinião é do presidente da Acrefi (entidade que representa as financeiras), Manoel de Oliveira Franco.
Como princípio, diz ele, o custo do crédito deve também cair, mas uma redução de 0,06 ponto percentual, como a que ocorrerá com a TBC (Taxa do Banco Central), de 1,88% para 1,82%, não é significativa para os empréstimos.
Para Franco, o impacto dos juros primários sobre o crédito deve ser medido num prazo mais longo, e de um ano para cá, segundo ele, houve sensível redução (ver gráfico). No intervalo de um mês apenas a queda não é tão perceptível.
O presidente da Acrefi concorda que o crediário está caro, mas ele lembra que em todo o mundo as taxas cobradas dos consumidores são normalmente mais altas, ao contrário do que muitos supõem. Os custos, inclusive sociais, são menores lá fora, afirma ele.
Nos EUA, com inflação de 3% ao ano e custo de captação de 3% a 4% nos CDBs, sem contar o custo praticamente zero nos depósitos à vista, o consumidor paga mais de 20% ao ano quando financia televisores, geladeiras ou móveis em lojas de departamento.
Quanto ao fato de as lojas no Brasil cobrarem, na média, juros maiores do que os bancos, Franco diz que a diferença está relacionada ao risco. O comércio, segundo ele, tem interesse em vender e aceita um nível de risco maior. Os bancos olham mais o custo do dinheiro e são mais seletivos.
Nas lojas, a expectativa com a redução dos juros na ponta do crédito é mais positiva. Natale Della Vechia, diretor da Lojas Cem, diz que já na próxima semana o juro deve cair dos atuais 6% para 5,50%.
No mercado financeiro, há quem espere queda no crediário até maior que 0,06 ponto porque tem crescido a disputa pela concessão de crédito a pessoas físicas.
Leocádio Geraldo Rocha, diretor da comissão de operações bancárias da Febraban (federação dos bancos), diz que atualmente a oferta de crédito "é abundante e não há problema de recursos".
O Bradesco, por exemplo, anunciou há uma semana um corte nos juros dos empréstimos a pessoas físicas e jurídicas "para alavancar os negócios nesse final de ano", segundo Antônio Fernando Burani, vice-presidente do banco.
O crédito direto ao consumidor, hoje restrito às agências do Bradesco, será estendido às lojas até o final do ano, informou Burani.

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