São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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Amélia Toledo cria a armadilha do gato

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Amélia Toledo, que expõe seus trabalhos a partir de hoje na Galeria São Paulo, há sempre um "gato na vida da gente".
Seu animal, um presente da artista Regina Silveira, "mora dentro de seus trabalhos" e serve para lembrá-la que há cor, luz, terra, fogo e arte, mas não há permanência, como mostram seus 25 trabalhos em têmpera acrílica sobre juta e papel, a materialização de seu desejo pela "leveza".
"Eu gosto é de pintura. Procuro trabalhar a energia da cor, uma certa pulsação que possui", diz.
Amélia Toledo é uma ágil senhora de 69 anos ("mas não conte que eu não faço 70 agora, mas só em dezembro, assim as pessoas trazem presentes") que desde os anos 40 se dedica ao encontro entre a arte e a força dos elementos.
"Acho muita pretensão do bicho-homem acreditar que sabe como o mundo funciona. Há muita coisa que não se sabe, as energias que não se conhecem".
Assim, na entrada da galeria, em uma espécie de recepção para suas obras, pede que se acenda uma vela para "homenagear o fogo", porque "é preciso".
A exaltação à luz acontece com suas "fiapeiras" e "peneiras de cor", em que brinca com as tonalidade -e as transparências- do tecido em contato com o colorido. "É uma espécie de obra virtual". Sua virtualidade é a fibra.
No centro da galeria, um pouco mais próximo de duas de suas pinturas, há o seu "Caderno de Terra", uma escultura construída por um conjunto de telas. "É engraçado, quando você pinta sobre as fibras, a cor parece desaparecer".
Amélia diz que há muito tempo não abre um livro de arte e, quando vê um outro trabalho, é geralmente de amigos.
O que lhe parece interessar é mesmo o gato e suas ações: "Um dia o gato pulou sobre um dos meus trabalhos e quebrou. Tudo tem o seu tempo correto."

Exposição: Amélia Toledo
Onde: Galeria São Paulo (r. Estados Unidos, 1.456, Jardins, tel. 011/852-8855) Quando: De hoje a 20 de outubro; abertura às 21h
Preços: de R$ 3.000 a R$ 10,5 mil

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