São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 1996 |
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Bancos criam central contra calotes
MILTON GAMEZ
Chamado de Central de Risco, o serviço será inaugurado na virada deste mês, prevê Cláudio Torres, diretor de crédito da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). A idéia é simples. As instituições irão fornecer à Serasa (empresa de informações creditícias, controlada pelos bancos) dados sobre o quanto estão emprestando para cada cliente, e em que prazo. A Serasa fará as contas e repassará os dados consolidados aos bancos. Surpresa no mercado Atualmente, os bancos definem linhas de crédito para cada empresa conforme a capacidade de endividamento, mas não sabem ao certo o quanto elas devem para todo o mercado -principalmente as companhias de capital fechado. "A Casa Centro pegou a todos de surpresa. Com a Central de Risco, isso não acontecerá mais", diz Torres. Élcio Aníbal de Lucca, presidente da Serasa, afirma que 17 bancos já estão enviando as informações à central, entre eles os maiores privados, como Bradesco, Itaú e Real. Com a adesão dos demais bancos, a Serasa poderá informar o nível de endividamento de todas as empresas que fizerem empréstimos bancários. O país tem mais de 4 milhões de companhias. Para proteger o sigilo bancário de todas elas, a central não divulgará detalhes sobre a concessão de crédito. As informações chegam à Serasa criptografadas (em códigos difíceis de ser quebrados). Plano Real A medida faz parte de um esforço de aperfeiçoamento da análise de crédito pelos bancos, induzido pela elevada inadimplência após o Plano Real. Assustado com o que viu -os calotes e atrasos de pagamento junto à rede bancária privada cresceram de 1,66% para 5,1% dos empréstimos, em dois anos-, o Banco Central decidiu dar um "empurrãozinho" nesse processo. Segundo Torres, há três meses o BC enviou para alguns bancos um sistema de "credit scoring" (classificação de risco de crédito), que define parâmetros para avaliação dos clientes -de um (excelente) a cinco (inadimplente). É um teste para a posterior implantação de um sistema semelhante ao que existe na Argentina. "Os bancos farão sua própria classificação de risco e o BC terá uma idéia geral da opinião do mercado. Assim, ele poderá avisar aqueles que estiverem fora dos parâmetros de risco considerados aceitáveis, forçando-os a constituir reservas adicionais", explica. Reunião com o BC Atualmente, o nível de reservas contra calotes é definido pelo volume de empréstimos em atraso. Pelo novo sistema, se implantado, os bancos poderão ter de formar provisões conforme o risco potencial de seus clientes. O BC teria reunião hoje com os bancos, em Brasília, para falar sobre a medida, mas a greve dos bancários poderá adiar o encontro. Próximo Texto: 'Poupem e comprem à vista' Índice |
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