São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 1996 |
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Linha de crédito fracassou, afirma presidente do BNDES 'Não era o que o mercado esperava', diz Mendonça ALEX RIBEIRO
"A linha não era bem aquilo que o mercado esperava", afirmou Mendonça de Barros, referindo-se ao carro-chefe do pacote de incentivo às exportações anunciado em junho pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A linha de crédito foi batizada de Programa de Apoio à Exportação de Produtos Manufaturados e, segundo estimativa do governo, iria gerar cerca de 70 mil empregos. "A gente aprende fazendo", afirmou Mendonça de Barros ao justificar o fracasso da linha, que emprestou apenas R$ 200 milhões para, basicamente, um único exportador. O presidente do BNDES atribuiu o fracasso da linha à falta de experiência do órgão em comércio exterior. Segundo ele, os bancos privados operavam melhor o mesmo tipo de financiamento. "Não dá para chover no molhado." Chegou a dizer que, até há pouco tempo, a intimidade que um dos diretores do BNDES tinha com o comércio exterior era ter passado em frente ao cais de Salvador. Kandir O pacote de incentivo às exportações foi apresentado pelo governo como a primeira grande realização do ministro do Planejamento, Antonio Kandir, que havia assumido o cargo naquele mês. Na época, Kandir anunciou que, por aqueles dias, seria submetida à Câmara de Comércio Exterior um projeto para a criação do seguro de crédito à exportação. Até agora, o seguro não entrou em vigor. Procurada ontem pela Folha, a assessoria do ministro disse que ele não poderia comentar as declarações do presidente do BNDES por estar com viagem marcada para Washington. O governo quer que o BNDES se torne um "Eximbank" brasileiro, nos moldes dos bancos de financiamento às exportações que operam nos EUA, Japão e Coréia. O presidente do banco afirmou que, apesar do fracasso da linha de crédito, a maior parte do R$ 1 bilhão encontra-se disponível para outros projetos. Convênio Até 1º de janeiro, deverá ficar pronto novo modelo de financiamento às exportações. Agora, o BNDES quer financiar no exterior quem compra produtos do Brasil. Com esse objetivo, foi assinado convênio com o Banco do Brasil para usar sua rede de 37 agências no exterior para o repasse. Esse projeto pode ser acelerado para permitir o financiamento de um contrato de US$ 450 milhões de um consórcio, com empresas brasileiras, que disputa uma licitação de fornecimento de equipamentos para a usina de Três Gargantas, a ser construída na China. Texto Anterior: 'Poupem e comprem à vista' Próximo Texto: As medidas do governo Índice |
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