São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para evitar gastos, políticos lançam candidatos únicos em Santa Catarina

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desestimulados pelos altos custos das campanhas, pelo assédio dos eleitores e pelas brigas em comícios, lideranças de pequenos municípios de Santa Catarina optaram por uma estratégia diferente nesta eleição: a candidatura única.
Há candidatos únicos em 23 dos 217 municípios do Estado. Dez deles se concentram no Vale do Rio do Peixe, uma região agrícola formada por pequenos municípios -cuja população varia de 3.000 a 5.000 habitantes.
Na maioria dessas cidades, os partidos se reuniram e chegaram a candidatos de consenso, apoiados por coligações formais ou informais. Onde não houve acordo, os dissidentes desistiram de disputar.
As campanhas se resumem a visitas aos eleitores. A disputa ficou restrita às Câmaras Municipais. Em cada cidade, as nove vagas do Legislativo são disputadas por 10, 15 ou, no máximo, 20 candidatos.
A economia da região, composta por minifúndios, é baseada na agricultura, na produção de leite, na indústria artesanal e na criação de frangos e suínos para abate em grandes frigoríficos.
Em 27 dos 853 municípios de Minas Gerais também há candidatos únicos. No Mato Grosso, há candidaturas únicas em Sapezal e Campo Novo dos Parecis.
Clima quente
Em Santa Catarina, Hilário Chiamolera (PMDB), advogado e professor, candidato em Lacerdópolis, vai disputar sozinho os 1.899 votos do município, em coligação com o PFL e o PDT. O candidato do PPB, partido do atual prefeito, desistiu da disputa.
"O clima da campanha aqui era quente. Dava briga em comício. Era um corre-corre atrás dos candidatos. Hoje, o pessoal está achando positivo o candidato único, pela tranquilidade da campanha", afirmou Chiamolera.
Ele disse que não é por acaso que há tantas candidaturas únicas: "As campanhas seriam desgastantes em função dos gastos. Aqui, os eleitores leiloam os votos".
Chiamolera afirmou que, mesmo sendo candidato único, é assediado por eleitores que querem trocar votos por favores: "Eu digo: 'Não estou comprando voto' ".
Ele também disse que "os políticos estão muito desacreditados. O pessoal fala que, para vereador, não vota mais. Isso desestimula o candidato". Em Lacerdópolis, os salários são de R$ 800 para prefeito e R$ 130 para vereador.

Veja a relação de candidatos únicos em Santa Catarina: Água Doce, Antônio Guerreiro (PMDB); Arroio Trinta, Ivo Antônio Paganni (PFL); Bom Jesus do Oeste, Sérgio Persch (PFL); Botuvera, Nilo Barni (PMDB); Caibi, Albeniz Varella (PMDB); Celso Ramos, André Guarda (PMDB); Ermo, Altamiro Schmidt (PMDB); Erval Velho, Nadir Giacometti (PFL); Ibiam, Martin Fontana (PFL); Ita, Milvo Zancanaro (PMDB); Jaborá, Cezar Brancher (PMDB); Lacerdópolis, Hilário Chiamolera (PMDB); Lageado Grande, Sérgio Oselame (PMDB); Lindóia do Sul, Adir Zonta (PPB); Palmitos, Elmo Fiegenbaun (PMDB); Peritiba, Tarcísio Bervian (PMDB); Pinheiro Preto, Nelson Denardi (PMDB); Ponte Alta do Norte, Sílvio Calomeno (PMDB); Rio das Antas, Lairton Tenconi (PPB); Serra Alta, Fermino Nemerski (PMDB); Tigrinhos, Olívio Baczinski (PSDB); Treze Tílias, Afonso Dresch (PPB); Xavantina, Ênio Simon (PFL).

Texto Anterior: PT se diz "ofendido" e pretende recorrer ao TSE
Próximo Texto: 'Remuneração não é lá essas coisas', diz candidato
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.