São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Conde é atacado por defender aborto

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Sexo e drogas viraram armas na disputa pela Prefeitura do Rio.
Os assuntos se tornaram munição para ataques do candidato do PSDB, Sérgio Cabral Filho, ao postulante do PFL, Luiz Paulo Conde, que defendeu o aborto, o direito de união de homossexuais e a distribuição de seringas a drogados para evitar a Aids.
Cabral Filho levou a polêmica ao horário eleitoral gratuito, nos últimos dois dias, e tentou mantê-la acesa em entrevistas que deu em suas atividades de campanha.
O candidato tucano também ressaltou posições contrárias às do pefelista em relação aos temas abordados, mostrando-se mais conservador.
"Quando um candidato como Conde diz que vai distribuir seringas para drogados em praça pública, há uma responsabilidade social envolvida", afirmou Cabral Filho, que ressaltou que não dará "nenhum tipo de ajuda" do gênero a dependentes químicos. Ele também se disse contra o aborto.
Aborto
Conde já defendera o aborto, em entrevista publicada pela Folha, mas não ainda não tinha sido atacado por causa disso.
Com a divulgação das opiniões do pefelista, do tucano, de Chico Alencar (PT) e de Miro Teixeira (PDT) sobre temas polêmicos, esta semana, os assuntos foram levados para o debate político.
Sem ligar para as acusações, feitas por adversários, de estar em desespero de fim de campanha, o candidato tucano afirmou ontem que a defesa que o pefelista fez do aborto tem de ser avaliada, já que o prefeito do Rio "é homem de grandes responsabilidades".
O pefelista respondeu ressaltando ser casado há quase 40 anos e defender o direito à vida, mas não voltou atrás nas suas declarações.
Ontem, Conde tentou encerrar o assunto, chegando a avisar, por meio de sua assessoria, que não voltaria a abordá-lo. Provocado por repórteres, não quis prolongar o debate. "Não ouço o programa do Sérgio Cabral", afirmou.
Polêmica
O pefelista disse não temer perder votos com a discussão em torno de suas declarações. "As pessoas que vão votar em mim, vão votar porque confiam", afirmou.
"Como prefeito, estarei preocupado com a saúde do carioca e isso é uma garantia de boa administração para a cidade", disse Conde.
A polêmica sobre o aborto cresceu depois que a Arquidiocese do Rio entrou no debate.
Ontem, o cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, d. Eugenio Sales, distribuiu nota dizendo que os quatro candidatos que lideram as pesquisas "defendem posições que ferem gravemente os princípios da Igreja Católica".
Além de Conde e Sérgio Cabral Filho, Chico Alencar (PT) e Miro Teixeira (PDT) também divulgaram suas opiniões sobre os temas.
"Embora com significativas variantes, as respostas, em seu conjunto, são preocupantes para o futuro de nossa cidade", afirmou.
"Peço a Deus que nos ajude, iluminando nossos governantes, a fim de que sejam respeitados os valores cristãos de nosso povo."

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