São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Candidatos 'figurantes' ajudam grandes em SP

Microcandidatos atacam Pitta e Serra, mas negam acordo

MARCOS GUTERMAN
DA REDAÇÃO

Datafolha
Pinotti (PMDB) - 3%
Machado (PTB) - 1%
Fidelix (PRTB) - 0,2%
Abreu (PTN) - 0,1%
em 23 e 24/9

Meros figurantes na campanha eleitoral, candidatos que possuem desempenho inexpressivo nas pesquisas começam a servir de linha auxiliar das grandes candidaturas na reta final da disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Entre os dias 17 e 24 deste mês, quatro candidatos nessas condições dedicaram boa parte de suas aparições no horário eleitoral gratuito para fazer críticas ou a José Serra (PSDB) ou a Celso Pitta (PPB).
Há pouco mais de uma semana, o prefeito Paulo Maluf, patrocinador de Pitta, disse que alguns candidatos eram "línguas mercenárias" õestavam na campanha a serviço de outros partidos para atacar seu pupilo.
No cômputo geral da semana avaliada, Pitta foi alvo por muito mais tempo do que Serra (22 minutos contra 6, aproximadamente).
A balança pendeu contra Pitta porque o candidato José Aristodemo Pinotti (PMDB), que tem em Paulo Maluf e no afilhado do prefeito suas vítimas preferenciais, possui o segundo maior tempo na TV: 5min11s.
PTB
Outro crítico de Pitta no horário político foi Campos Machado (PTB), que contribuiu com dois minutos para a cota anti-Maluf.
Seu programa, entre outras coisas, afirmou que a propaganda do "Fura-Fila" é "um estelionato eletrônico" e apelou para o bairrismo ao dizer que Pitta não conhece São Paulo por sua "condição de carioca".
Machado negou ter feito qualquer acordo com Serra ou outro candidato para alvejar Pitta.
Disse que irá para o segundo turno, apesar de ter apenas 1% de intenção de voto, segundo o Datafolha em pesquisa feita dias 23 e 24.
Assim como Machado, Pinotti negou ter feito acordo com Serra para atacar o malufista, apesar de se dizer "amigo pessoal" do tucano.
Afirmou que, se quisesse favorecer Serra, teria abandonado sua candidatura -dona de 3% das intenções de voto no Datafolha.
Além de próximo a Serra, Pinotti é o candidato da ala palaciana do PMDB, ligada ao ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos).
Pinotti, porém, negou essa proximidade com o governo federal e disse que suas críticas às idéias do malufismo resultam de suas posições pessoais, assumidas ainda antes da campanha eleitoral.
O alvo preferido de Pinotti tem sido o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
Médico, o candidato usou parte dos 20 minutos de ataques na TV para dizer, em resumo, que o plano privilegia o lucro em detrimento das pessoas.
"Muita gente tem morrido por causa disso", afirmou Pinotti. Sua crítica ao PAS, disse à Folha, é "quase filosófica", começou desde a implantação do plano e não é "nada pessoal contra o Pitta".
Dorival de Abreu também tenta ser polido ao justificar seus ataques quase diários a Serra. "Não é nada pessoal", afirmou.
O candidato do PTN só não falou do tucano em 1 de seus 7 programas no horário eleitoral avaliados no levantamento.
'Pedra no caminho'
"Eleger Serra é colocar uma pedra no caminho de São Paulo", disse seu programa, numa alusão à inauguração da pedra fundamental da retomada das obras do metrô.
Segundo o programa, "Fernando Henrique, que não fez nada até hoje por São Paulo", liberou a verba do metrô "só para salvar Serra".
Abreu disse à Folha que, "como presidente de um partido trabalhista", não poderia deixar de criticar a política econômica do governo -daí sua ofensiva sistemática contra o candidato do Planalto.
Para Abreu, Serra, "no exercício do poder (como ministro do Planejamento), foi profundamente danoso aos trabalhadores".
O candidato, a exemplo dos demais, negou ter feito qualquer acordo para atacar Serra e que o partido ainda não decidiu a quem tentará transferir o seu 0,1% de intenção de voto no segundo turno.
Serra também é vítima de um dos mais folclóricos "nanicos", Levy Fidelix (PRTB), mencionado por 0,2% no Datafolha. O candidato citou o tucano em 6 dos seus 7 programas.
Fidelix critica Serra em especial por causa das promessas do tucano em relação ao metrô, concorrente do seu "aerotrem".
"Serra nunca fez 1 km de metrô. E não vai fazer, porque não vai ganhar", disse Fidelix -para quem o tucano está "desesperado".

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