São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Cai número de pobres urbanos, diz Ipea

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A população de pobres nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil caiu de 34% do total, em junho de 1994 (mês anterior ao do lançamento do Plano Real), para 27%, em fevereiro deste ano.
O dado faz parte de um dos 33 estudos do trabalho "Economia Brasileira e Perspectivas 1996", que será divulgado hoje pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento. O estudo foi desenvolvido a partir da Pesquisa Mensal de Empregos do IBGE, apurada em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador.
Os economistas Marcelo Nery e Cláudio Considera, que desenvolveram o estudo, utilizaram o critério de pobreza definido pelo Banco Mundial: abaixo da linha de pobreza estão as famílias com renda per capita mensal inferior a R$ 45 em São Paulo.
Isso significa que uma família de quatro pessoas é considerada pobre se tiver renda mensal total inferior a R$ 180 (4 vezes R$ 45).
Nas demais regiões, há pequenas variações desse valor devido às diferenças no custo de vida.
O estudo mostra que cerca de um terço da redução da pobreza aconteceu logo após o aumento do salário mínimo de R$ 70 para R$ 100, em maio de 1995.
Apesar disso, Nery prefere não identificar uma relação de causa e efeito entre os dois fatos.
"O que é possível dizer é que a política de aumento do salário mínimo é mais efetiva quando a inflação é baixa", disse. O menor índice mensal de pobreza constatado pelo estudo foi o de julho de 95: 26%. O último mês incluído no trabalho foi fevereiro deste ano.
Renda maior
Entre os não-pobres, o fenômeno aconteceu com 55% das famílias.
Outra revelação é que, antes do Plano Real, os pobres perdiam 10% de sua renda durante o mês, em decorrência da alta inflação.
Os não-pobres perdiam 1%, por terem maior acesso a mecanismos de defesa antiinflacionária, principalmente aplicações financeiras e compra de moeda estrangeira.
Apesar da melhora da situação das famílias pobres, o estudo revela que, no Brasil, os 20% mais ricos detêm uma renda igual a 5,4 vezes a dos 50% mais pobres.

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