São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Escritor entra com recurso após sentença por injúria

DA REPORTAGEM LOCAL

O escritor José Luiz Garcia Mir, autor de "A Revolução Impossível - A Esquerda e a Luta Armada no Brasil" (editora Best Seller), recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo de sua condenação, em agosto, a oito meses de detenção.
Ele foi condenado pela juíza Thelma de Mesquita Garcia, da 2ª Vara Criminal de Jabaquara, por injúria contra Itoby Alves Corrêa, ex-guerrilheiro da ALN (Aliança Libertadora Nacional), grupo de esquerda que promovia ações armadas contra os governos militares.
Itoby é citado no livro como participante de um assalto a um estacionamento de São Paulo para roubar um carro, que seria usado em uma ação guerrilheira, no final da década de 60.
A ação resultou na morte do guarda do estacionamento.
No recurso sobre a condenação, Mir alega que a ação movida por Itoby é improcedente porque supõe que a ação teria sido criminosa.
"Em nenhum momento do livro se diz que o Itoby cometeu um crime", diz Mir.
Para o escritor, o livro "não avalia o mérito" das pessoas que participaram de ações guerrilheiras: "Foram apenas citados fatos presenciados por várias testemunhas". Segundo ele, cinco pessoas entrevistadas para o livro citam Itoby como participante daquela ação.
O autor foi condenado por não ter apresentado as fitas gravadas de suas entrevistas à juíza. "As pessoas que deram essas entrevistas não estavam depondo em um processo, mas recontando a história do país", disse o autor.
Em seu recurso, Mir cita ainda a Lei de Anistia (de 1979), que evita qualquer imputação de crime a quem participou de ações armadas durante o regime militar.
O escritor acredita ainda que Itoby move a ação judicial contra ele por motivo profissional: é funcionário da Secretaria Municipal da Cultura. "Ele vive uma situação complicada, sendo funcionário da administração (do prefeito Paulo) Maluf, que participou da ditadura."
Ouvido pela Folha , Itoby não respondeu a Mir. "Eu só trato com esse cidadão nos tribunais, pois ele já foi condenado", limitou-se a afirmar o ex-guerrilheiro.

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