São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Malufistas viram 'donos' de regionais

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

O poder dos vereadores em São Paulo vai além da Câmara. Há décadas existe uma espécie de "loteamento" dos bairros da cidade entre parlamentares que apóiam o prefeito (veja quadro acima).
Os vereadores beneficiados ganham o direito de indicar o administrador regional e outros cargos de confiança do órgão.
Quem indica quem vai comandar a regional -ou quem vai ser exonerado- é o prefeito -no caso da atual gestão, Paulo Salim Maluf.
As regionais são espécies de subprefeituras. São considerados "órgãos de serviço", nos quais a população pode apresentar reivindicações de pequenas obras nos bairros, como tapar buracos de rua, pavimentação e limpeza.
Muitos vereadores acabam transformando "suas" regionais numa espécie de centro de atendimento eleitoral.
"Usar a regional em benefício próprio, eleitoral, é proibido. Quando descobrimos alguma irregularidade, tomamos as medidas necessárias", diz o secretário das Administrações Regionais (SAR), Arthur Alves Pinto.
As "medidas necessárias" geralmente são a exoneração do administrador responsável.
Somente este semestre, três administradores foram demitidos por supostas irregularidades ligadas às campanhas eleitorais dos vereadores que comandavam os órgãos.
As punições aconteceram nas regionais de Butantã (de Brasil Vita), Santo Amaro (Edson Simões) e Freguesia do Ó.
O vereador José Viviani Ferraz (PL), "ex-dono" da regional da Freguesia do Ó, foi acusado pelo prefeito de facilitar o uso do órgão para a campanha eleitoral do candidato a prefeito Francisco Rossi, do PDT -a quem o PL está aliado na eleição.
Ferraz perdeu o comando da regional. Ele foi transferido para o secretário de Vias Públicas, Reynaldo de Barros, que já controlava a regional de Perus.
Desde que assumiu a SAR, Alves Pinto, 40, estima que 20 administradores já foram exonerados. Ele disse não saber quantas demissões foram provocadas por denúncias.
(RF)

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