São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Brady busca negócios com ações no país

Ex-secretário elogia Real

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos Nicholas Brady associou seu nome à gigantesca reestruturação da dívida externa dos países da América Latina no início desta década. Agora, o pai do Plano Brady percorre a região em busca de bons investimentos.
O Brasil acaba de entrar na lista de países latino-americanos nos quais Brady pretende aplicar os recursos levantados pela Darby Overseas Investments, empresa que criou com o propósito de trazer investimentos para a região.
"O Brasil é hoje um ótimo lugar para investir. O Plano Real baixou a inflação e lançou as bases das reformas econômicas que o país precisa", afirmou Brady ontem, em São Paulo, num almoço do Banco Bozano, Simonsen.
Embora tenha batizado títulos que hoje somam US$ 150 bilhões, a empresa de Brady é pequena para os padrões do mercado: a Darby administra ativos da ordem de US$ 180 milhões.
Para ele, é só o começo, pois "esses recursos podem ser aumentados consideravelmente com nossos contatos". O dinheiro já levantado está investido em ações de empresas do México, da Argentina, da Colômbia e do Peru.
No Brasil, Brady está procurando ações de empresas de médio porte, de capital aberto (com ou sem ações em Bolsa) ou fechado.
Televisão
Em sua primeira visita ao Brasil, Brady mostrou-se impressionado com a pujança econômica do país.
"É diferente ver uma coisa na televisão e depois pessoalmente. Vejo que o progresso econômico é maior do que eu julgava."
Perguntado sobre o problema do agravamento das contas públicas federais devido aos juros elevados, Brady comentou que "essa é a única coisa do Plano Real que não tem funcionado e deve ser equacionada pelo governo". Ele ressalvou que seus conhecimentos sobre a economia do país são limitados.
Brady negou-se a fazer comentários sobre as taxas de juros nos Estados Unidos -cuja variação afeta diretamente a cotação dos bônus da dívida externa e das ações em diversos países do mundo.
Sobre as dificuldades da Argentina -que ontem enfrentou uma greve geral-, Brady mostrou-se cauteloso, porém tranquilo. A saída de Domingo Cavallo do governo, disse, não deve ser vista como o fim do plano econômico.
"Não nos esqueçamos de que o presidente Carlos Menem está por trás do Plano Cavallo e continua no posto", afirmou.

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