São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Brasil quer fazer bonito no Bocuse d'Or

EITAN ROSENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

O treinamento da equipe de cozinheiros que representará o Brasil no 10º Bocuse d'Or, em 28 e 29 de janeiro de 1997, entra em sua fase final. O torneio acontece a cada dois anos em Lyon, na França, presidido pelo célebre chefe de cozinha Paul Bocuse. É considerado a mais importante competição do mundo em alta gastronomia.
O Brasil será representado por Antonio Francisco dos Santos, o Naim, e pelo seu ajudante, Rodrigo Martins. A dupla se qualificou ao vencer o Toque d'Or, eliminatória brasileira do certame, que se realizou em São Paulo em abril.
A participação brasileira no Bocuse d'Or está sendo patrocinada pela Nestlé, no maior investimento já realizado no país pela iniciativa privada em um evento gastronômico. A estimativa de custos (que inclui oito meses de treinos e levar uma delegação de 37 pessoas à Europa) chega a R$ 450 mil.
O treinamento a que vêm sendo submetidos a dupla concorrente e um suplente, Carlos Messias Soares, inclui 250 horas de aulas práticas fornecidas pela Abag (Associação Brasileira de Alta Gastronomia), organizadora da promoção.
Toda segunda-feira, Naim e Rodrigo vêm de Belo Horizonte, onde moram, e desenvolvem as receitas concorrentes sob a orientação e supervisão dos mais influentes chefes paulistanos, como Laurent Suaudeau, presidente da Abag, Emmanuel Bassoleil, Jorge Valsassina, Christophe Besse, Luciano Boseggia e Alex Atala.
São duas as receitas exigidas: pernil de porco com sangue e miúdos e bacalhau fresco, ambos sob o enfoque das culinárias nacionais competidoras. Serão levados em conta sabor, aparência e originalidade. Organização e higiene são critérios de desempate.
A equipe brasileira está próxima de fechar a primeira receita, considerada a mais complicada. Foram 14 experiências e mais de cem quilos de carne até chegar nesta glamourosa (e complicadíssima) alquimia: pernil de porco com crosta de tapioca reconstituído com fatias de carne e mousseline de pernil com tamarindo e abóbora guarnecido com mousse de porco com alho-poró e fígado coberta de manga e couve, timbale de banana da terra com quiabo e castanha de caju e minimorcelas de sangue, orelha, fígado e pimenta rosa.
No último Bocuse d'Or, o Brasil foi representado por Antonio Faustino de Oliveira, o Russo, que conseguiu a 16ª colocação dentre 22 competidores. O concurso foi vencido três vezes pela França e uma por Luxemburgo e Noruega. O país vencedor não concorre na edição subsequente.

E-mail: eitan@trattoria.com

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