São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Haroldo de Campos recebe homenagem

DA REPORTAGEM LOCAL

"Ficou linda!". Com essa frase e um sorriso, o poeta Haroldo de Campos recebeu ontem, em cerimônia no anfiteatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a gravura feita pela artista Tomie Ohtake.
O evento "Diálogo das Artes" -uma homenagem a Haroldo de Campos e sua trajetória na universidade, realizada pela instituição em seu quinquagésimo aniversário de fundação- se iniciou com meia hora de atraso, às 21h.
O anfiteatro, com capacidade para 200 pessoas, estava lotado. Vários convidados permaneceram em pé ou se sentaram no chão do lugar.
A cerimônia se iniciou com a apresentação do professor e colaborador da Folha Arthur Nestrovski.
Na mesa estavam presentes, além de Haroldo de Campos, o reitor Antonio Carlos Ronca, o vice-reitor acadêmico Fernando José de Almeida, a artista Tomie Ohtake, o poeta e tradutor Nelson Ascher -também colaborador da Folha- e a professora Leda Tenório da Motta.
Textos inéditos
Ascher e Leda Tenório leram para o público dois dos três textos escritos especialmente para o evento, traduzidos por eles.
A leitura se iniciou com "Cada Vez, Quer Dizer, e no Entanto, Haroldo", do filósofo francês Jacques Derrida (traduzido por Leda Tenório), seguido pelo poema "Instantâneos", do poeta mexicano Octavio Paz (traduzido por Ascher).
Foram ainda ouvidos "Haroldo Sempre Traz Presentes", do escritor Guillermo Cabrera Infante, traduzido por Heloisa Jahn e lido por Arthur Nestrovski, que divulgou também a mensagem enviada pelo poeta brasileiro João Cabral de Melo Neto.
"Haroldo de Campos é essa coisa extraordinária: um poeta e tradutor que veio para a literatura armado de um invejável conhecimento do fenômeno literário."
Em seguida foi mostrada a gravura feita por Ohtake, para depois a palavra ser dada ao homenageado.
Surpresa
Haroldo de Campos agradeceu a todos os presentes ("O evento é para mim uma surpresa, uma conspiração amável) e, em especial, a Luiza Erundina, candidata à Prefeitura de São Paulo, que também estava no anfiteatro: "quero agradecer a presença dessa amiga da cultura".
Haroldo de Campos leu dois poemas inéditos ("a assinatura indelével da minha gratidão"), feitos em Tenerife (ilhas Canárias, Espanha): "A Poesia Explicada em Tenerife 1 e 2".
Depois da cerimônia, Haroldo de Campos disse à Folha que "sentia uma grande emoção e também uma surpresa, porque eu não tinha lido nenhum dos textos antes e nem visto o trabalho de Ohtake".
Uma conspiração, segundo ele, eficaz.

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