São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Mário Palmério nunca se distanciou de nossa realidade

JOSUÉ MONTELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A obra de Mário Palmério limita-se a dois volumes: "Vila dos Confins" e "Chapadão do Bugre". Romances, ambos. As duas obras bastaram para as despesas de seu renome. Foram mesmo adiante: trouxeram o seu autor à Academia, para que fosse, na cadeira fundada por Coelho Neto, o sucessor de Guimarães Rosa, seu antecessor imediato, e João Neves da Fontoura. Ou seja: um puro homem de letras, dos maiores que o país tem tido, mestre de "Grande Sertão: Veredas", e um político e memorialista, companheiro da Revolução de 30, a quem devemos dois volumes de memórias, entre os subsídios fundamentais de nossa história contemporânea.
Assim como Palmério, pela obra literária, se identificou com a obra de Rosa, a ponto de lhe recolher a herança acadêmica, no plano da obra de arte, identificou-se também com Fontoura, no plano da atuação política, como parlamentar, e no plano diplomático, como embaixador no Paraguai, correspondente assim à atividade complementar do político gaúcho, que foi embaixador em Portugal.
Nos últimos anos, afastado dos grandes centros culturais e políticos do país, ele não deixou de ser presença natural na vida brasileira, com reedições dos romances e pronunciamentos de circunstância, sempre indicativos de que não se alheara de nossa realidade.
Nos últimos anos, se concentrou nas atividades educacionais, como diretor da universidade por ele fundada em Uberaba e a que consagrou o melhor de sua inteligência e de sua ilustração.
Morrendo aos 80 anos, dele se pode dizer que soube realizar sua obra de escritor e político, como figura representativa da inteligência brasileira contemporânea.

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