São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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'Antarctica Artes' traz de tudo um pouco

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Prepare-se! Começa neste domingo a mostra "Antarctica Artes com a Folha", evento de artes plásticas que proporcionará ao visitante uma experiência estética daquelas difíceis de se ter no Brasil.
São obras de 62 jovens artistas, emergentes, frescos, virgens para o grande público. Foram selecionados depois de sete meses de visitas de cinco curadores e seus assistentes a cerca de 1.300 ateliês em 66 cidades do país.
O evento é uma realização da Folha e da Cia. Antarctica Paulista, que investiu US$ 1 milhão no projeto. A seleção foi feita pelos curadores Lisette Lagnado, Nelson Brissac Peixoto, Lorenzo Mammi, Stella Teixeira de Barros e Tadeu Jungle.
A mostra vai ter de tudo: instalações, performances, objetos, videoinstalações, esculturas, fotografias, desenhos e até pinturas.
Isso mesmo. A pobre pintura, cuja morte já foi tantas vezes anunciada, também mostra a sua cara.
O paulistano Marco Di Giorgio, 23 anos, é um desses que insiste na pintura e também destaque da mostra.
Localizadas em um ponto estratégico da mostra, em frente ao bar, suas obras mesclam paisagens de um imaginário naif e personagens fantasmagóricos retirados de fotografias familiares.
"Sinto que existe um preconceito babaca, que vive pregando o fim da pintura. A característica naif da minha pintura é proposital, para estabelecer um contraponto, uma dualidade com os fantasmas", disse Di Giorgio.
Outro que parte de um universo insólito, quase naif, é João Carlos Lima, descoberto pelo curador Lorenzo Mammi em Florianópolis.
Conhecido como Lobão, devido a sua semelhança com o cantor, o artista organizou uma série de 64 desenhos dos mais inusitados ângulos de um banheiro imaginário.
Imaginário porque nenhum deles foi realizado tendo um banheiro como modelo.
"Não achei que fosse participar. A classificação foi uma surpresa para mim. O curador foi em casa para ver o trabalho de minha mulher e acabou me escolhendo. Cai na história de gaiato", disse.
"Lima é um artista de muito talento. É um caso atípico de felicidade da imagem. Ali não há depressão", afirmou Mammi.
Os 30 desenhos selecionados mostram detalhes do rolo de papel, visões panorâmicas, toalhas e azulejos. Formam um universo ideal, de pura poesia, formalizada em giz sobre papel.

Mostra: Antarctica Artes com a Folha
Onde: pavilhão Padre Manoel da Nóbrega (antiga sede da prefeitura), no Ibirapuera (entrada pelo portão 10)
Abertura: domingo, dia 29, às 11h (convidados) e 14h (público em geral)
Entrada: grátis
Quando: até 17 de novembro
Informações: tel. 011/573-7724

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