São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Palestinos revivem clima da guerra de 1967

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os territórios palestinos viveram ontem um clima de guerra só comparável ao da Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando a região foi ocupada por Israel.
Ontem, foi a primeira vez que os tanques israelenses foram usados na Cisjordânia desde aquela época. Os tanques entraram na região acompanhados de helicópteros e de mais soldados israelenses.
O número de mortos nos confrontos de ontem (39 palestinos e 11 israelenses) supera os mortos em alguns dos piores enfrentamentos da intifada, a revolta palestina contra a ocupação de Israel.
O líder Iasser Arafat falou ontem em 69 palestinos mortos, mas o número não pôde ser confirmado.
"A terra palestina se tornou um campo de guerra, em que muitos mártires morreram", disse o delegado palestino na Liga Árabe, Mohamed Sobeih. Do lado israelense, o ex-premiê Shimon Peres afirmou: "Meu país está vivendo alguns dos dias mais difíceis".
Israel decretou estado de emergência e fechou a Cisjordânia e a faixa de Gaza. O cenário nas duas regiões ontem deixou de se caracterizar pelos jovens que atiravam pedras, a marca da intifada, para se tornar um confronto de armas.
O motivo foi a recém-instalada polícia palestina ter participado dos conflitos. A polícia tem autorização de Israel para portar armas.
Arafat pediu a seus policiais que não atirassem a não ser que suas vidas "corressem perigo". Israel também deu ordens para que seu Exército evitasse entrar em território da autonomia palestina.
A polícia palestina atirava com rifles automáticos de trás de prédios contra soldados israelenses.
Os militares de Israel respondiam com fortes ataques que usaram inclusive helicópteros, como em Ramallah (Cisjordânia).
No assentamento judeu de Netzarim, na faixa de Gaza, dois soldados israelenses foram mortos no ataque de centenas de palestinos ao seu posto. Em outro assentamento da região, Kfar Darom, policiais palestinos atiraram contra jipes israelenses. Choques também ocorreram em Erez, na fronteira.
Na Cisjordânia, os piores confrontos ocorreram em Nablus, com seis israelenses mortos.
Em Belém, também houve fortes confrontos, que deixaram número desconhecido de mortos. Os conflitos se repetiram em toda a Cisjordânia -Hebron, Jericó e Jenin.
Em Jerusalém, um protesto em bairro muçulmano foi reprimido, deixando ferido o líder palestino na cidade, Faissal Husseini.
Os combates chegaram a deixar um policial egípcio morto, em Rafah, na fronteira com o Egito. A morte ocorreu em tiroteio entre israelenses e policiais palestinos.

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