São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Crise deixa Netanyahu mais isolado

Europa dá apoio a Arafat

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os incidentes dos últimos dois dias deixaram o governo de Israel isolado. Vários países europeus acusaram o premiê Binyamin Netanyahu de ter provocado os conflitos.
O presidente da França, Jacques Chirac, e o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, telefonaram para o líder palestino, Iasser Arafat, para expressar apoio.
A Unesco, órgão da ONU para cultura, acusou Israel de ter violado princípios internacionais ao abrir o túnel de Jerusalém.
Reino Unido e Alemanha (onde Netanyahu estava ontem) também culparam Israel por ter causado a tensão que levou aos choques.
Os EUA, principais mediadores da paz no Oriente Médio e tradicionais aliados de Israel, evitaram culpar qualquer das duas partes.
O presidente Bill Clinton pediu o fim imediato das hostilidades. "Peço a ambas as partes que ponham fim a essa violência, reiniciem as negociações de paz, apliquem os acordos e resolvam suas diferenças com negociações."
Sua crítica a Israel foi velada: "Todas as partes deveriam evitar qualquer ação que comprometa os avanços da paz", disse Clinton quando perguntado sobre o túnel.
Antes de a reunião de hoje no Cairo se confirmar, os EUA se ofereceram para mediar uma reunião entre Arafat e Netanyahu.
A posição americana foi seguida pelos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Rússia, China, França e Reino Unido), que emitiram comunicado conjunto pedindo o fim das hostilidades.
Mas o Departamento de Estado dos EUA afirmou no final da tarde de ontem que se opõe a uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança que possa levar a sanções contra Israel.
O pedido foi feito pelos representantes árabes na ONU. A Liga Árabe, previsivelmente, assumiu a posição mais dura contra Israel.
Em um comunicado emitido no Cairo, seus 22 membros dizem que há "um complô sionista para destruir a mesquita de Al Aqsa e construir em seu lugar o Templo de Salomão".
O rei Hussein, da Jordânia (país com boas relações com Israel), pediu a formação de uma comissão internacional para discutir o túnel sob a mesquita, em Jerusalém, e também criticou Israel.
O governo da Síria, principal adversária regional de Israel, disse por meio do jornal semi-oficial "Al Baath" que Netanyahu "é um extremista que não quer paz".
O braço palestino do grupo radical islâmico Jihad (Guerra Santa) pediu a seus membros que aumentem as ações terroristas contra alvos israelenses. Um comunicado do grupo emitido na Síria acusou Arafat de agir com fraqueza frente a Netanyahu. O grupo pediu a Arafat que "ponha fim a toda negociação com o inimigo sionista". Outro grupo radical, o Hamas, prometeu vingar os mortos.

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