São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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VOTO CONSCIENTE

É impressionante. O caderno "Olho na Câmara" publicado hoje revela que 41% dos projetos dos vereadores dão nomes a ruas, criam datas comemorativas ou concedem títulos e medalhas. É quase a metade da atividade dedicada a coisa de importância no mínimo duvidosa.
Dos 55 vereadores, 52 vão tentar se reeleger, boa parte deles sob o slogan "você me conhece". Em 97, a cidade deverá gastar mais de R$ 100 milhões com a Câmara. A relação custo-benefício parece, sob essa ótica, desproporcional. Cada vereador paulistano recebe mensalmente R$ 4.500. Têm ainda direito a carro, combustível, dois motoristas e -pasme- frutas da estação, além de nomear até 15 assessores.
Em tese, o vereador deveria ser o representante mais próximo do eleitor, a pessoa que teoricamente defenderia seus interesses mais imediatos.
Na prática, contudo, o desempenho dos edis deixa muito a desejar. Na atual legislatura abriram 12 CPIs, mas apenas 3 tiveram algum resultado mais concreto como a abertura de inquérito pelo Ministério Público ou pela polícia.
Todo esse cenário deveria levar o eleitor a tomar muito mais cuidado com os candidatos em que vota. Infelizmente, isso ainda está muito longe da realidade. Mesmo entre o eleitorado mais politizado, o tema não empolga, tanto que muitos desses votantes ainda não têm candidato. Deixam tudo para a última hora, um obstáculo à escolha consciente.
Pode parecer que o vereador é desimportante, por ser a primeira escala entre os legisladores. Mas tão importante quanto eleger bons parlamentares no plano federal ou estadual é escolher também um bom vereador que, afinal, é o representante que toma as decisões que mais afetam o cotidiano do eleitor.
O voto consciente certamente contribuirá para que os vereadores se dediquem a temas mais importantes do que a mera nomenclatura de ruas.

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