São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Marketeiros tomam lugar de candidatos

Horário eleitoral revela bastidor da disputa

MARCOS GUTERMAN
DA REDAÇÃO

O horário político na TV dos dias 25 e 26 em São Paulo deu ao eleitor uma chance rara de conhecer os bastidores da campanha e de saber que as propostas dos candidatos podem não ser deles, mas de seus publicitários.
No dia 25, o programa de José Serra (PSDB) dedicou-se a mostrar que a campanha de Celso Pitta (PPB) é puro marketing. Uma montagem pôs lado a lado Pitta e Edson Queiroz (PPB), candidato em Fortaleza, para mostrar que o discurso dos malufistas era igual, inclusive sobre "princípios pessoais".
"Existem três coisas que eu acho que definem bem o que eu penso e como eu sou", disseram. "A primeira é que não existe problema sem solução; a segunda, que não se promete o que não se pode cumprir; a terceira, quem não sabe respeitar nunca será respeitado." Até as vírgulas eram as mesmas.
A idéia tucana era provar que "Pitta só fala o que lhe mandam falar". Acabou revelando que a influência dos marketeiros é muito maior do que se supunha.
"Lamento o transtorno que causei (a Pitta)", desculpou-se Queiroz no programa do PPB no dia seguinte. Em seguida, ao apontar o culpado pelo deslize, um assessor de Queiroz revelou que os candidatos usam textos de terceiros até para falar de si mesmos. "Uma de nossas redatoras assistiu ao programa (de Pitta), achou uma identidade no ideário do Celso e a colocou inadvertidamente dentro do discurso." E Queiroz leu.
Troco
Depois, usando o truque dos tucanos, o PPB mostrou Serra e Yeda Crusius, candidata do PSDB em Porto Alegre. Com pequenas variações, Crusius repetiu o bordão de Serra: "(...) mantendo o que está certo, corrigindo o que está errado e fazendo o que não foi feito".
Os malufistas também acusaram Serra de "imitar as idéias do Pitta". Para provar, mostraram ambos falando da necessidade de conhecer computação. Segundo o PPB, o programa tucano com essa fala fora ao ar um mês depois.

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