São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Governo anuncia acordo sobre 5 fazendas

ABNOR GONDIM; HAROLDO CERAVOLO SEREZA; LUIZ MALAVOLTA

da Sucursal de Brasília, da Redação e da Agência Folha, em Bauru
O governo do Estado e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária anunciaram acordo com donos de cinco fazendas de Mirante do Paranapanema (640 km a oeste de São Paulo).
O governo federal pagará R$ 8,1 milhões de indenização pelas benfeitorias das fazendas Haroldina, King Meat, Apolônia, Arco-Íris e Canaã, que ocupam 9.687 hectares de terras devolutas (do Estado).
Devem ser assentadas nas cinco fazendas 374 famílias de sem-terra, em caráter definitivo.
Os fazendeiros aceitaram anteontem à noite receber 20% da indenização em dinheiro. O restante será pago em TDAs (Títulos da Dívida Agrária). Em cinco anos, os títulos serão resgatados.
O pagamento deve ser concluído dentro de um prazo de 60 dias.
Para fechar o acordo das cinco fazendas e os de outras 33 áreas do Pontal na mesma situação, o Incra deve aplicar até R$ 50 milhões.
O vice-presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Joel Amaro Mascarenhas, disse que o acordo é "preliminar".
Segundo ele, um "acordo definitivo" poderá ser formalizado na terça-feira que vem.
O Estado espera concluir negociações sobre as 33 fazendas até o fim de outubro, para garantir a liberação das verbas federais.
O acordo no Pontal permitirá que o Incra aumente a meta de famílias assentadas em São Paulo.
Mais fazendas
Com o início dos assentamentos definitivos, o governo pretende reduzir os pontos de atrito com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
No fim do ano passado, o governo estadual prometeu assentar 2.100 famílias no Pontal, em troca de os sem-terra interromperem invasões. As famílias foram colocadas em lotes provisórios.
Para o MST, isso significava que a parte do governo não estava sendo cumprida. O governo respondia que era impossível juridicamente realizar assentamentos definitivos sem fechar os acordos.
"Eles não têm mais o que falar. Estamos cumprindo nossas metas", disse o secretário-adjunto da Justiça, Edson Luiz Vismona.
Vismona disse que o governo pode anunciar na semana que vem a conclusão de negociações com outros fazendeiros.
O líder dos sem-terra no Pontal, José Rainha Jr., disse que um possível acordo não solucionará o problema na região. "Apostamos em um acordo, mas o que o governo está fazendo é apenas correr atrás do prejuízo. Não se está falando em novas áreas para assentamento. O Incra brinca com a reforma agrária no Pontal e vai se dar mal", afirmou.
(ABNOR GONDIM, HAROLDO CERAVOLO SEREZA e LUIZ MALAVOLTA)

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